Bia Cândido: Entre o Gesto e a Estrutura
- Marisa Melo
- 12 de ago.
- 2 min de leitura

“A linguagem é um ofício anterior à linguagem”, escreveu Didi-Huberman, e essa frase parece conter algo do que se percebe na pintura de Bia Cândido.
Há um percurso em construção na pintura de Bia Cândido. Um gesto que ainda tateia, mas já revela força. Sua obra parte do concreto, o corpo, a cor, a paisagem, mas não se fecha em temas. O que importa, em seu trabalho, é a forma como esses elementos se organizam em linguagem. Não há apelo ao exótico. O que existe é a tentativa honesta de formular uma presença pictórica própria, baseada na observação e na experiência de quem vive entre mundos, mas carrega referências bem definidas.
Bia trabalha com acrílica, cores intensas e composições decididas. Estrutura seus quadros em blocos, organiza figuras com precisão, não por rigidez, mas por clareza. Sua pintura não é discursiva, mas tem posição. O Brasil aparece como repertório visual, não como tema. Está na paleta, na postura dos corpos, no modo direto de encarar o real sem idealizá-lo. O que sua pintura propõe, sobretudo, é uma presença visual sem rodeios, uma construção que parte daquilo que é familiar e transforma esse reconhecimento em escolha estética.
O que se vê é uma artista desenvolvendo sua linguagem a partir da prática, sem pressa de definir estilo, mas consciente de que a linguagem se constrói pelo fazer. Nesse caminho, o domínio técnico não é fim, mas meio para sustentar uma investigação visual que é, também, uma forma de afirmar sua presença no campo. Cada escolha de cor, composição e figuração funciona como uma resposta prática a questões que não se resolvem no discurso, mas no ato contínuo de pintar.
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