Dani Xavier | História de Todas Nós, Mulheres
- Marisa Melo
- há 6 horas
- 4 min de leitura
Estreou no dia 17 de junho a exposição virtual História de Todas Nós Mulheres, uma mostra em 3D que reúne um coletivo de artistas comprometidas em mostrar o que é ser mulher com verdade e intensidade. São obras que abordam realidades diversas, trajetórias marcadas por rupturas, sobrecarga, reinvenção, cuidado, injustiça e potência.
O projeto nasce da urgência de visibilizar narrativas visuais que não embelezam a dor nem suavizam a luta, mas assumem o que se vive. Cada artista traz a sua forma de enfrentar o mundo com arte: seja com lápis, tinta, tecido, fotografia ou gesto.
Como curadora, reuni artistas de diferentes gerações, contextos e técnicas, mas com algo em comum: a vontade de falar por si, de propor outros caminhos, de não aceitar o papel que nos foi dado sem antes redesenhá-lo.
“Há uma força mais poderosa do que qualquer tempestade: o desejo de florescer.” A frase da escritora Nikki Banas não é apenas um epígrafe elegante, ela sintetiza o eixo sensível da exposição "História de Todas Nós, Mulheres", e descreve com precisão o percurso visual de Dani Xavier. Em sua pintura, o que emerge é processo. Um florescer contínuo, como quem se reconstrói sem precisar se explicar.
Autodidata, mineira de Conceição das Alagoas, Dani une dois mundos que raramente se tocam. Atua profissionalmente como Oficial de Justiça, convivendo com a dureza cotidiana dos conflitos humanos. No ateliê, transforma essa realidade em imagem, criando um espaço visual onde o gesto é íntimo e verdadeiro. Sua arte não tenta ilustrar o que vê, mas organizar o que sente. E faz isso com uma linguagem que cruza o espiritual e o terreno com naturalidade.
Sua paleta é vibrante. Os tons surgem de dentro, de uma sintonia com o que pulsa, não de fórmulas aprendidas. As pinceladas, ora espontâneas, ora mais controladas, revelam o que ainda não tem nome. Há camadas, há ritmo, mas acima de tudo, há uma percepção clara: Dani não pinta para agradar, pinta para dizer.
A artista não parte de modelos, parte da energia vital. Trabalha com intuição, com símbolos orgânicos, com paisagens que não são lugares reais, mas estados internos. Em sua pintura, a natureza é matéria ativa. E o corpo da mulher, mesmo ausente como figura, está ali em tudo o que se move, se transforma, se sustenta.
Na exposição "História de Todas Nós, Mulheres", Dani apresenta duas obras: Florescendo e A Ilha. Ambas conversam com o propósito central da mostra, reunir artistas que não representam o feminino como tema, mas como ponto de partida. Cada tela de Dani é uma afirmação do cotidiano de tantas mulheres que vivem entre forças opostas: o impulso de cuidar e o desejo de se expandir, o cansaço e a potência, o invisível e o que insiste em florescer mesmo quando tudo à volta exige contenção.
Em Florescendo, a artista cria uma explosão vital. O fundo em azul intenso abre espaço para uma profusão de flores em tons de rosa, coral e dourado. Elas não estão organizadas em arranjos, não obedecem a nenhuma simetria. Brotam. Crescem como podem. A imagem não fala de flores no sentido literal, mas de um estado de existência que insiste. A obra carrega o ritmo de quem já caiu e escolheu levantar, não com espetáculo, mas com raiz.
A Ilha propõe outra frequência. A natureza se apresenta como abrigo. Os tons são mais calmos, as formas mais contidas. O azul retorna, agora refletido, como um espelho d’água que sustenta a vegetação ao redor. Não há isolamento, há recolhimento. A imagem oferece um espaço de regeneração. É o lugar onde o excesso não entra, onde o tempo não corre, onde é possível apenas estar. A tela convida o olhar a desacelerar, a perceber o que geralmente se perde no ruído.
Essas duas obras, tão distintas em energia, se completam na mostra. Juntas, falam das fases que todas atravessam: o impulso de crescer e a necessidade de voltar para si. Dani Xavier não retrata o feminino, ela pinta a partir dele. E é justamente isso que faz com que sua arte dialogue com tantas outras mulheres, não como identificação imediata, mas como reconhecimento do que também já foi vivido.
Sua produção carrega algo místico. Não em tom esotérico, mas na forma como constrói portais visuais para outros estados de consciência. O espiritual aparece na leveza dos fundos, na densidade das formas, nos símbolos que não se explicam, mas funcionam. Dani trabalha com portais porque acredita em passagens, em ciclos, em fases. Suas obras não impõem leitura, mas sugerem presença. É uma pintura que sabe esperar o olhar certo.
As obras de Dani na mostra, "História de Todas Nós Mulheres" é essencial. Porque sua pintura traduz, com integridade, o que tantas mulheres sabem de cór: que viver não é apenas resistir, é também se permitir florescer. E florescer, quando ninguém espera mais nada, é um dos gestos mais poderosos que existem.
Curatorial:
História de Todas Nós, Mulheres é um projeto feito com alma, para que possamos contar e recontar as histórias que nos atravessam, nos moldam e nos transformam. Um espaço seguro e sensível onde cada mulher pode compartilhar sua vivência, sua força e sua verdade. Porque quando uma mulher se escuta, se expressa e se reconhece, ela cura partes profundas de si e acende luzes no caminho de outras.
Acompanhe a exposição:
Serviços:
Exposição Virtual 3 D: História de Todas Nós Mulheres
Plataforma: Kunstmatrix
Realização: UP Time Art Gallery
Curadoria: Marisa Melo
De 17 de junhi à 17 de agosto de 2025
