Rossana Covarrubias e a tessitura do afeto
- Marisa Melo

- 2 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de jun.

A pintura de Rossana Covarrubias surge em momentos de instabilidade e se afirma como uma forma de continuidade. Nascida no Chile e residente no Brasil desde os 13 anos, sua trajetória é marcada por deslocamentos e adaptações. A artista desenvolve uma linguagem figurativa que combina atenção aos detalhes, uso de materiais variados e um olhar atento às experiências pessoais.
Sua base é o figurativo, mas os trabalhos vão além da representação tradicional. Rossana utiliza elementos como fios, folhas secas, massas de modelagem e superfícies em relevo, criando composições que se aproximam do tridimensional. O resultado são obras que estimulam não só o olhar, mas também uma percepção física mais ampla.
Sua pintura reflete experiências vividas. Tem força e densidade, especialmente a partir do período da pandemia, quando sua produção ganhou centralidade em sua vida. Com o diagnóstico de Alzheimer da mãe e Esclerose Múltipla do filho mais velho, Rossana decidiu se dedicar integralmente à arte. A partir daí, sua prática se tornou mais constante e estruturada.
Na exposição De Onde Eu Vim: Reconstruindo Memórias, Recriando Caminhos, a presença de Rossana Covarrubias se destaca. Suas obras dialogam diretamente com o tema da mostra, tratando da origem como um processo contínuo, construído nas relações e nas escolhas do presente.

Na obra Árvore da Vida, Rossana Covarrubias apresenta uma composição de forte presença visual. Utiliza fios trançados e folhas naturais sobre um fundo azul escuro. A árvore ocupa o centro da imagem como elemento principal, com raízes bem marcadas e galhos em movimento. A estrutura remete a vínculos familiares, ciclos e processos de continuidade. A escolha dos materiais reforça a ideia de transformação constante. A árvore aqui não é estática, mas algo que cresce, se adapta e conecta.
Em Refúgio, a artista representa a fachada de uma casa iluminada. A pintura tem detalhes em relevo, como telhas, vasos, flores, trepadeiras e portas semiabertas. O foco está nos elementos que compõem a ideia de lar. A cena não busca realismo, mas transmite uma sensação clara de acolhimento. A imagem funciona como um espaço simbólico de proteção, construída a partir da observação e da experiência pessoal. Ao olhar para ela, o público reconhece formas familiares e acessíveis.
As duas obras, embora diferentes em técnica e composição, partem de um mesmo impulso: o de preservar o que importa. Rossana pinta para registrar o que não quer perder. Através de materiais diversos e escolhas visuais precisas, transforma elementos do cotidiano em símbolos de vínculo.
Sua presença na exposição reforça a proposta curatorial de reunir artistas que trabalham a partir da própria história. De Onde Eu Vim não é apenas um título para Rossana, mas uma pergunta constante. Cada obra funciona como uma resposta visual em construção.
Visite a exposição!
Exposição: De Onde Eu Vim: Reconstruindo Memórias, Recriando Caminhos
Local: Shopping West Plaza, Piso I, Rua Francisco Matarazzo, s/n - São Paulo - até 25 de julho de 2025
Realização: UP Time Art Gallery
Curadoria: Marisa Melo


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