Clara Mazeo - A Jornada Artística da Natureza em Cores Vibrantes
- Marisa Melo

- 22 de out. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de mai.

Com a alma leve de quem traduz o mundo em cor, Clara Mazzeo atravessa a tela como quem atravessa o tempo, guiada por memórias da infância em Santos, no litoral de São Paulo. Seu primeiro encontro com a arte foi íntimo e encantado, ainda nas aulas de manualidades e desenhos escolares, um fascínio delicado que persistiu como brasa acesa mesmo nos dias comuns da vida adulta.
Mais tarde, já morando no Rio de Janeiro, Clara reencontrou seu próprio fio de Ariadne nos cursos do atelier Fajardo & Galgam, onde se dedicou ao desenho e à pintura a óleo, além de práticas em conservação e restauro. Ali, entre pigmentos e silêncios de ateliê, começou a desenhar não apenas paisagens, mas uma identidade visual que, com o tempo, se tornaria inconfundível.
Fez uma transição natural da densidade do óleo para a leveza pragmática da tinta acrílica, o que lhe abriu espaço e liberdade para produzir em ritmo mais abundante, sem perder a gestualidade intuitiva que tanto a caracteriza. A natureza, esse lugar sagrado onde se diluem os ruídos do mundo, tornou-se sua principal temática. Em suas obras, não se trata de uma representação literal da paisagem, mas de um eco interior, uma reinvenção emocional do que se vê e do que se sente.
O trabalho de Clara carrega um espírito eclético, profundamente pessoal. É possível perceber ecos do Fauvismo na liberdade cromática, vermelhos pulsantes, amarelos em chamas, verdes vivos como floresta em expansão. Há também o espírito impressionista, nas pinceladas curtas e irregulares, que constroem atmosferas mais do que formas. Por vezes, a matéria ganha relevo através da técnica de impasto, que nos remete ao vigor de Van Gogh, como se cada cor quisesse se levantar da superfície e tocar o olhar.
Sua linguagem é intuitiva, emocional, pulsante. Cada tela é uma afirmação da vida, mas também um refúgio. Clara nos oferece mundos que ardem e acolhem, onde a cor não é sintaxe da memória. Há uma ternura selvagem em suas árvores de outono, um lirismo difuso nas cascatas de verde e luz, um gesto musical em suas explosões abstratas de cor.
Na paleta de Clara Mazzeo, não há timidez. O vermelho incendeia, o amarelo desperta, o verde respira fundo. São cores que não apenas ilustram, mas enunciam. São vozes, fragmentos de um mundo interior que transborda e se faz presente no mundo exterior, com intensidade e poesia.
Como curadora, não posso deixar de afirmar com carinho e respeito: Clara Mazzeo é uma artista que pinta com o coração entregue. Sua obra é um convite à pausa sensível, ao reencontro com aquilo que é essencial, mas tantas vezes esquecido, a beleza que insiste, mesmo quando tudo parece disperso.
“Admiro sua entrega sincera à cor, à natureza e à matéria. Sua pintura nos devolve o calor do mundo, com emoção e memória.”







