Valéria Vecchi: entre a memória dos mestres e os gestos da própria alma
- Marisa Melo

- 29 de mai. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de jun.

“A cor é um poder que influencia diretamente a alma.” — Wassily Kandinsky
Essa afirmação encontra terreno fértil na obra de Valéria Vecchi. Formada pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, ela é uma artista que domina a técnica, mas não se limita a ela. Sua pintura parte de um olhar atento ao que a imagem pode carregar, não como estética pura, mas como construção de sentido. Valéria transita entre o figurativo, o abstrato e o surreal com naturalidade, sem precisar justificar escolhas. Ela sabe o que está fazendo.
No ateliê, cor é estrutura. Tons vibrantes e pastéis sutis se cruzam em composições que tensionam, provocam, convocam. Cada obra parece ter ritmo próprio, como se guardasse o tempo interno da artista. Nada é excesso. Cada traço tem motivo. Valéria pinta com precisão e clareza, como quem respeita a linguagem que escolheu como ofício.
Seu repertório é robusto e coerente. As obras autorais têm força e refinamento formal. Quando revisita os grandes mestres, estabelece conversa. Suas interpretações mantêm fidelidade à composição original, mas devolvem à obra uma nova leitura, feita com rigor e domínio. É técnica com pensamento, referência com apropriação.
Sua passagem por Milão expandiu não apenas suas ferramentas, mas também o olhar. Há traços de arquitetura, textura e história em sua pintura, mas sem excesso de filtro. Valéria absorve o que importa e devolve com identidade. Suas influências são digeridas. E isso se sente no resultado.
Sua formação em inteligência emocional atravessa o processo criativo sem precisar ser dita. Ela não pinta só com método, pinta com intensidade. As cores são decisões afetivas. As formas, escolhas conscientes. Cada quadro nasce de um processo claro e inteiro. Há entrega. E isso se vê.
Além de sua produção autoral, Valéria realiza obras sob medida com o mesmo cuidado. Quando replica obras consagradas, o faz com precisão técnica e respeito à essência. Não é apenas uma semelhança visual, é uma devolução íntegra, feita com honestidade estética e escopo profissional.
Seu trabalho, no fim, é sobre transformar referência em linguagem. Sobre sustentar uma escolha com coerência. Valéria não pinta para impressionar. Pinta porque tem o que dizer.

"Cadeira" - Acrílica sobre tela_60x40 cm

"Sereias" - Acrílica sobre tela_40x50 cm

"Sonhos" - Óleo sobre tela_40x60 cm


