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Não me traga mapa

  • Foto do escritor: Marisa Melo
    Marisa Melo
  • 7 de jun.
  • 1 min de leitura

Atualizado: 18 de jul.

Antes de ser nome, fui mulher — 2021, p. 33_MM
Antes de ser nome, fui mulher — 2021, p. 33_MM

Não é questão de entender.

Nem de traduzir os porquês

ou organizar o caos doce que me habita.


Há partes minhas que não cabem em lógica,

há dores que só se revelam em silêncio,

e alegrias que florescem

longe da vista, mas perto da pele.


Ou ressoa, ou passa batido.

É simples assim.


Ou você escuta o que vibra no meu jeito,

ou fica preso no ruído do que espera de mim.


Não fui feita pra ser compreendida,

fui feita pra ser tocada com atenção,

com o cuidado de quem sabe que o mistério

também é uma forma de verdade.


Sou feita de entrelinhas,

de memórias que só se decifram no escuro,

de uma fé que não grita

mas insiste em ficar.


Meus silêncios são mais inteiros que minhas palavras,

minhas pausas dizem mais que discursos.


Se me quiser, venha com os olhos fechados

e o peito aberto.


Não traga mapa, traga presença.

Não force chave, só encoste com leveza.


Porque me entender seria me reduzir.

E eu já lutei demais pra não caber.

Me entenda menos.

Me sinta mais.



Marisa Melo

"Escrevo para não desaparecer. Se algo em mim tocou algo em você, então já não estamos tão sós. " MM

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