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Animal Transcendental | Não é a mosca, é a metáfora: Fabio Woody

Atualizado: 16 de mai.



 Obra exposta na FIABCN/2023 - Museu Maritim de barcelona
 Obra exposta na FIABCN/2023 - Museu Maritim de barcelona

Há obras que não se contemplam, se decifram aos poucos. Animal Transcendental, de Fabio Woody, é uma dessas imagens que se expandem dentro do olhar. Faz parte de uma série que carrega no próprio nome o gesto de ultrapassar: “Animais Transcendentais”. E a cada tela, Woody parece nos lembrar que o que voa não é apenas o bicho, é também a consciência.


A obra nasce de uma inspiração pessoal, uma lembrança mental que funciona quase como mantra: “Voe como uma águia, não como uma mosca”. E é curioso perceber como essa frase se torna matéria. O inseto, é ponto de partida, mas jamais ponto de chegada. Ele serve como espelho distorcido, como metáfora de tudo o que é pequeno e ruidoso, mas também estruturado, exato, milimetricamente funcional. Woody parte dessa base para construir algo novo, um animal que já não pertence ao mundo biológico, mas ao mundo simbólico.


Sua linguagem visual mistura o rigor do gráfico com a espontaneidade do espiritual. A anatomia da mosca está ali, mas transformada, estendida, vibrante, como se tivesse passado por um rito de reinvenção. Não há fidelidade ao que se vê na natureza, há fidelidade ao que se sente ao olhar para ela. É como se o artista dissesse: “Não se trata da forma, mas da frequência”.


A paleta de cores é um espetáculo à parte. Tons vivos de vermelho, rosa, azul, verde e amarelo se intercalam sem obedecer a uma hierarquia tradicional. Tudo vibra junto. Cada cor parece ter uma função sensorial, como se estivesse ali não apenas para compor, mas para despertar. Há um uso sofisticado da saturação e da forma. As áreas verdes, que evocam escamas ou circuitos, se equilibram com o rosa dos corações, com os traços brancos em espiral, com o desenho que ora lembra mapa, ora labirinto.


Fábio Woody, trabalha com camadas que se sobrepõem, criando um campo visual que vibra entre o orgânico e o digital. Há curvas, repetições, ângulos, passagens de ar. E no centro dessa explosão de formas e direções, uma silhueta humana se insinua, quase como sombra ou totem. O corpo está ali, mas é atravessado por tudo, é habitado pela metamorfose.


Não se trata de um exercício estilístico. O gesto de Woody é filosófico. Ele parece perguntar: para onde estamos olhando? O que estamos escolhendo ver? Em tempos de urgências e distrações, Animal Transcendental propõe foco, intenção, seleção. Uma arte que não se contenta em decorar, mas convida a voar mais alto, a pensar mais fundo.


Fabio Woody cria uma ponte entre o pensamento visual e o impulso vital. Sua obra é inteligente. É arte que pulsa, que sugere caminhos, que nos tira do chão, mesmo quando parte de uma mosca.


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