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Ligya Clark | Passaporte para a Imortalidade

  • Foto do escritor: Marisa Melo
    Marisa Melo
  • 31 de mai. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 18 de set.


A Arte é o espelho da nossa alma. Dorian Gray e Fausto retratam sonhos: beleza, prazer, sabedoria... Oscar Wilde e Goethe souberam captar nosso íntimo, retratar suas épocas e entraram para a História. Esse é o poder da folha, da partitura e da tela em branco. Elas não esperam apenas mais um texto, mais uma canção, mais um quadro. Diante delas, um inglês escreveu “Ser ou não ser”. Um alemão combinou quatro notas mágicas em sua 5ª. Sinfonia. E um italiano pintou um sorriso enigmático. Passaram-se os séculos. E Shakespeare, Beethoven e da Vinci seguem vivos e reverenciados. Nenhum deles planejou isso. Mas ao traduzirem suas almas em suas obras, conquistaram um passaporte para a imortalidade. Quando essa entrega acontece, o observador é conquistado. E aplaude um estilo, que buscará avidamente no próximo quadro. Até criar uma intimidade que lhe permita em segundos relacionar a obra ao autor.


Vamos conversar sobre alguns artistas e seus estilos inconfundíveis.


Hoje conosco, Lygia Clark.



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Nascida em Belo Horizonte, em 1920, Lygia Clark começou sua carreira na pintura, mas rapidamente se libertou das formas tradicionais. Ao lado de Hélio Oiticica, Lygia Pape e outros, participou do movimento neoconcreto no Brasil, que se opunha ao racionalismo frio do concretismo e defendia a arte como experiência sensível e orgânica. Clark acreditava que a obra não deveria ser objeto de contemplação distante, mas um convite à participação ativa do público. Sua vida se dividiu entre o Brasil e a Europa, sobretudo Paris, onde desenvolveu pesquisas que uniam arte, corpo e psicologia. Morreu em 1988, deixando um legado incontornável que até hoje inspira curadores, artistas e instituições.


Lygia Clark atravessou diferentes fases, mas sempre buscou romper limites. Nos anos 1950, iniciou com pinturas geométricas, que logo deram lugar a experiências tridimensionais. Na década de 1960, criou os célebres Bichos, esculturas articuladas em metal, manipuláveis pelo público, que só existem plenamente quando alguém interage com elas. Essa virada foi revolucionária: a obra deixou de ser “coisa” para se tornar relação.




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Nos anos 1970, em Paris, Clark aprofundou sua pesquisa em direção a experiências sensoriais e terapêuticas. Trabalhou com objetos simples, sacos plásticos, pedras, conchas, que, colocados sobre o corpo, provocavam novas percepções. Para ela, arte e vida não tinham fronteiras: seu ateliê era também clínica, laboratório e espaço de transformação subjetiva.


Lygia Clark conquistou seu passaporte para a imortalidade ao transformar radicalmente nossa compreensão da arte. Se antes a obra era algo fixo, para ser observado à distância, com ela tornou-se experiência, corpo, encontro. Seu legado não está apenas em museus ou coleções, mas em cada gesto de interação que suas proposições continuam a provocar.


Hoje, suas obras fazem parte dos acervos do MoMA, do Centre Pompidou e da Tate Modern, e continuam a desafiar o público a pensar o que é, afinal, arte. Clark nos lembra que criar é instaurar relações, e que a verdadeira permanência não está no objeto preservado, mas na experiência que se renova a cada contato.



Marisa Melo




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