"Andrea Mariano: A Pintura Poética das Cores do Nordeste"
- Marisa Melo
- 8 de dez. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de mai.
Andrea Mariano é paraibana e carrega na sua pintura a intensidade do sol do Nordeste. Sua relação com a cor nasce do lugar onde vive e cria, onde a luz é forte, os contrastes são nítidos e a vida pulsa com mais urgência. Ao pintar, Andrea transforma essa vivência em linguagem visual, criando obras marcadas por decisão e energia.
Sua produção não se encaixa em fórmulas. Ela trabalha com liberdade e desenvolve uma expressão própria, combinando cor, mancha e figura com naturalidade. Suas telas revelam uma artista atenta ao gesto, ao fundo e à construção da imagem como um todo. Nada é secundário. Cada escolha, cada traço, compõe um universo onde o Nordeste não é origem.

Andrea Mariano pinta como quem conhece o calor exato da luz do Nordeste. Sua produção é marcada por uma força visual que não pede licença. A cor é ferramenta e também território, operando não como ornamento, mas como estrutura de pensamento. Não há hesitação em sua paleta, não há medo do excesso. Andrea trabalha com o que pulsa.
Em suas releituras de ícones como Salvador Dalí, Van Gogh e Albert Einstein, ela não busca apenas homenagear figuras reconhecíveis. Ela os reconstrói dentro de seu vocabulário visual. A tinta acrílica, sua aliada constante, ganha volume, vibração e contraste, criando retratos que não imitam, mas reinterpretam. São figuras que atravessam o tempo, envolvidas por campos cromáticos intensos, ora explosivos, ora densamente distribuídos com precisão.
Sua série “Olhares”, por outro lado, revela uma artista que também sabe conter o gesto. Em vez de saturação, o que predomina é o silêncio do olhar direto, a delicadeza do pano, o magnetismo das cores primárias que operam com sutileza. Andrea transita entre o retrato clássico e a pintura intuitiva com segurança. Em ambas, há o mesmo compromisso: dar corpo àquilo que sente.
A artista não se prende à semelhança fotográfica nem à fidelidade formal. Sua linguagem é assumidamente emocional, baseada na liberdade de imprimir na tela aquilo que escapa à lógica. Não é uma pintura acadêmica, tampouco casual. É uma pintura que emerge de uma escuta interna, que prioriza o impacto da presença.
O fundo em suas obras raramente é passivo. Muitas vezes é ali que reside a chave da atmosfera da imagem. Cores que se cruzam sem medo, gestos largos, mistura de manchas e transições abruptas formam um campo que sustenta a figura e lhe dá força. Andrea constrói esse plano com atenção, quase como se estivesse coreografando.
Ao olhar sua produção, é possível perceber uma artista em constante afirmação de identidade. Não há tentativas de se encaixar em correntes, não há busca por adequação. Andrea Mariano pinta com liberdade e isso é o que torna seu trabalho inconfundível. Sua arte não busca respostas, ela afirma presenças. Cada pintura é uma liberdade construída, onde o mundo não precisa ser como é, mas como ela deseja que seja.


