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Fui tantas, escrevi todas


Fui tantas, escrevi todas — 2020, p. 17_MM
Fui tantas, escrevi todas — 2020, p. 17_MM

A vida me exigiu versões. Algumas mais suaves, outras intensas, todas legítimas. Fui a que sonhava com estabilidade e a que escolheu o risco. A que se encantava fácil e a que observava em silêncio. Cada fase teve sua força, seu motivo, seu tempo. Nunca me repeti por conveniência, apenas segui me tornando.


Escrevi todas porque escrever sempre foi meu jeito de reconhecer quem sou. No papel, organizei sentimentos, entendi escolhas, revisei histórias. Não para justificar nada, mas para registrar o percurso. A mulher que fui em certos dias talvez não combinasse com a que sou agora, mas ainda assim me serve. Cada uma contribuiu com algo essencial, mesmo as que pareciam provisórias.


Fui a que cuidou demais e a que soube recuar no tempo certo. A que construiu relações sólidas e a que precisou sair no meio do caminho. Fui generosa, prática, racional, impulsiva. Nenhuma dessas versões me constrange. Todas participaram da construção que hoje sustento com mais consciência. A liberdade de transitar entre essas mulheres é o que me sustenta.


Há quem prefira manter uma narrativa contínua, uma linha reta. Eu escolhi o contorno. Cada mudança trouxe clareza, cada desvio ampliou o olhar. Cresci nos encontros e me refinei nas rupturas. A vida pede atualização constante. Observei, reagi, mudei de ideia quando foi preciso.


Escrever me permitiu não perder o fio. Cada texto guardou uma parte, uma lembrança, uma escolha. Ao registrar, entendi que nenhum movimento foi desperdício. As versões que fui não se anulam, se somam. São acervo.


Hoje, caminho com mais critério, mas sem rigidez. Gosto da mulher que sou porque ela traz todas as outras em si. Ela conhece os limites da própria entrega, sabe o valor de uma pausa, reconhece a força de um recomeço.


Fui tantas porque vivi com atenção. Escrevi todas porque mereciam existir para além da memória. E sigo. Com páginas preenchidas, com versões amadurecidas, com mais clareza do que me movimenta. Não por ter chegado a um lugar definitivo, mas por saber escolher, a cada dia, a mulher que me veste melhor.



"Escrevo para não desaparecer. Se algo em mim tocou algo em você, então já não estamos tão sós. " MM

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