"A Mona Lisa de Da Vinci na Perspectiva Pop Art: Um Ícone Renascentista Transformado"
- Marisa Melo

- 16 de out. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de mai.
Jura Dias é um artista que caminha com destemor entre os pilares da tradição e os ventos da reinvenção. Sua obra é marcada por uma linguagem vibrante, que acolhe o passado como matéria viva a ser ressignificada. Há em seu gesto uma reverência lúcida, uma escuta atenta das imagens que atravessaram séculos, agora traduzidas por meio de cor, ritmo e geometria.
Na releitura A Mona Lisa de Da Vinci na Perspectiva Pop Art: Um Ícone Renascentista Transformado, Jura propõe um encontro inesperado entre a solenidade renascentista e a exuberância da arte pop. Ele não replica, reimagina. Não busca fidelidade, mas presença. A figura mítica de Mona Lisa, que há séculos nos observa em silêncio, é agora devolvida ao mundo em cor, textura e liberdade formal.
Esta obra, que poderia facilmente cair no clichê da apropriação, se eleva pela sofisticação do gesto e pela consistência estética que Jura sustenta em toda sua trajetória. Aqui, o clássico e o contemporâneo dançam juntos. E a imagem, eternamente reinterpretável, se oferece mais uma vez ao nosso olhar, só que agora, vestida de festa.

A obra A Mona Lisa de Da Vinci na Perspectiva Pop Art: Um Ícone Renascentista Transformado, assinada por Jura Dias, não propõe uma paródia, propõe um rito de reinvenção. A figura mais enigmática da história da arte ocidental reaparece, mas como renascimento cromático, onde o sagrado do olhar clássico se funde com a vibração pulsante da cultura pop.
Jura não se limita a homenagear Da Vinci, ele mergulha em sua imagem até dissolvê-la em planos, cores e ritmos que pertencem ao nosso tempo. A composição, embora fiel na estrutura, abandona a paleta terrosa do Renascimento e se banha em um espectro que parece extraído de vitrais psicodélicos e tecidos festivos. O fundo antes enevoado agora é luminoso, quase lisérgico, um campo geométrico onde o céu e a terra se desfazem em losangos cromáticos. A paisagem perde sua função de profundidade e se torna tapeçaria.
A linguagem visual nesta obra está ancorada no pop, mas carrega ecos do cubismo e da op art. Há uma fragmentação que não rompe, apenas desloca. Os volumes da figura de Mona Lisa são mantidos, mas modulados por padrões, como se cada superfície da tela cantasse uma música diferente. A tridimensionalidade é sugerida pelas transições tonais e pelo jogo de repetição dos traços, que criam uma textura vibrante e quase sonora.
A paleta, intensa e sem pudores, constrói uma atmosfera de celebração e liberdade. Tons elétricos de roxo, verde, azul cobalto, laranja queimado e amarelo ácido disputam o espaço em harmonia dinâmica. Nada aqui é neutro. Cada cor participa de uma coreografia que desestabiliza o olhar e, ao mesmo tempo, o hipnotiza. A Mona Lisa, que antes nos observava com mistério silencioso, agora nos convida a dançar com ela nessa nova superfície simbólica.
Jura Dias transforma o ícone. Não o destrói, não o ironiza. Ele o reinterpreta com respeito e atrevimento, como quem sabe que certas imagens são eternas não por permanecerem iguais, mas por saberem renascer. Sua Mona Lisa não é apenas pop, é tropical, é caleidoscópica, é contemporânea em sua forma de resistir ao tempo sem pedir permissão ao passado.
“Jura não pinta a Mona Lisa, ele a veste de festa. Ele a traduz para um mundo que precisa de cor, sem abrir mão do silêncio que ainda vive no fundo dos olhos dela.”Marisa Melo


