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É da dor que escrevo

  • Foto do escritor: Marisa Melo
    Marisa Melo
  • 29 de jun.
  • 1 min de leitura

Atualizado: 7 de jul.



Antes de ser nome, fui mulher — 2021, p. 27_MM
Antes de ser nome, fui mulher — 2021, p. 27_MM


Não escrevo da euforia.

Ela passa rápido demais.

Não me dá tempo de pousar palavra.

Alegria me escapa,

me acalma, mas não me atravessa.


Minha mão pesa mais quando dói.

Meu verso nasce quando falta.

A tragédia me visita com respeito

e eu a recebo com papel limpo.

Porque da tristeza eu tiro matéria,

da ausência, forma,

do luto, ritmo.


Não é que eu deseje sofrer,

é que na dor tudo fica mais nítido.

A beleza aparece sem maquiagem,

o amor mostra suas entranhas,

a verdade vem crua,

sem metáfora, sem perfume,

só carne.


Escrevo quando perco,

quando não sei,

quando algo afunda e eu fico.

Porque é aí que descubro

que não se escreve da superfície.


A alegria me distrai,

a tristeza me revela.

E eu prefiro o que me revela,

mesmo que doa.


Não quero pular etapas,

não me interessa fingir que passou.

Proteger a infelicidade também é gesto de amor.

Porque é no tempo da dor que a gente entende

quem é, o que sente, o que fica.


É na pausa do riso,

no eco da ausência,

na curva do luto

que meu poema acontece.


Não por escolha,

mas por verdade.



"Escrevo para não desaparecer. Se algo em mim tocou algo em você, então já não estamos tão sós. " MM

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