
Somos seres sociais. Nossa interação com o mundo que nos cerca define nosso êxito nossos relacionamentos, nosso destino. É fundamental conseguir expressar o que sentimos, pensamos e desejamos. Nosso olhar, nossas palavras, nossa expressão facial, transmitem o que vai dentro de nós.
Músicas, livros, quadros e filmes são instrumentos que completam e ampliam esse processo. E há situações onde precisamos ir além. As palavras não bastam, a realidade também não. E apelamos para efeitos especiais e realidades aumentadas ou virtuais.
A artista visual Lu Monin, em sua obra “Effets Spatiaux” (Efeitos Espaciais) trabalha essa dualidade. O viés surrealista traz a figura humana sem rosto, que perde um elemento básico que define sua identidade, mas, ao mesmo tempo, passa a representar cada um de nós. Sem a fala e sem o auxílio da visão, ainda sim há uma caracterização. Passamos a avaliar a roupa, os cabelos e o espaço ao redor. Queremos saber mais dessa mulher que não vê e não fala.
Lu Monin cruza essa informação com uma ambientação sideral. A imagem está próxima a uma escada mas, ao mesmo tempo, parece estar rodeada de estrelas, luzes fugidias contra um fundo que sugere uma noite estrelada. E os efeitos espaciais, comunicam o que a figura humana não pode transmitir. Em seu ambiente terrestre, ela vê apenas o que lhe permitem ver. E fala sobre o pouco que lhe deixam saber. Integrada ao espaço infinito, suas sensações e vibrações se ampliam para outras dimensões e universos. Permitindo compartilhar emoções que nenhuma imagem, canção ou palavra poderiam representar.
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