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Como escolher arte para a casa sem virar catálogo de tendência


Escolher arte para a casa não é seguir tendências, mas construir um repertório pessoal. Este ensaio reflete sobre valor, escala e narrativa estética além do decorativo.



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Escolher arte para casa não é tarefa de quem entende de decoração. É um gesto mais íntimo, quase uma confissão. As paredes onde vivemos guardam algo de nós, e, se tudo estiver apenas combinado, o que fica é silêncio. A arte não serve para preencher espaços, mas para abrir conversas. Ela precisa de ar, de tempo, de uma presença que não se impõe, mas permanece. A boa escolha nasce quando o olhar se reconhece, não quando a paleta combina.


Muita gente começa pelo lugar errado: a parede. Mede, calcula, compara tamanhos, busca um encaixe. A arte, porém, não funciona por encaixe. Ela acontece quando provoca algo que não sabíamos nomear. Uma obra só é nossa quando desperta essa pequena vertigem, uma mistura de atração e dúvida. É aí que começa o vínculo. Comprar o que é fácil, o que está em toda parte, o que apenas “combina”, é o caminho mais rápido para transformar a casa em catálogo.


Há obras que chegam de forma imediata, e outras que demoram. Algumas parecem silenciosas até o dia em que passam a falar. O olhar amadurece com o tempo, como o gosto. E é bom que seja assim. A arte pede convivência. Não se escolhe no impulso da cor, mas na memória do que fica. Um quadro que resiste aos dias, que continua a nos tocar depois, é sempre o certo.


Não existe regra. Um ambiente pode ter uma única obra e parecer completo. Outra casa pode ter muitas e ainda guardar equilíbrio. O segredo está em perceber o ritmo do espaço, que também tem seu modo de respirar. O vazio é parte essencial disso. Quando tudo está coberto, nada se destaca. A pausa dá sentido ao conjunto, como o silêncio entre duas notas.


Também é importante aceitar o erro, o improviso. Às vezes uma obra destoante muda o clima do ambiente, e é justamente essa dissonância que traz vida. O olhar humano não busca perfeição, busca verdade. A simetria enfeita, mas raramente comove. Um pequeno contraste pode revelar mais sobre quem somos do que qualquer harmonia calculada.


Escolher arte é escolher o que queremos olhar todos os dias. É também escolher o que queremos sentir. Uma obra autêntica não se esgota, muda com a luz, com o humor, com o tempo. Ela se torna parte da casa e, da nossa própria história. Por isso, a melhor escolha é sempre aquela que permanece viva, mesmo quando já não é novidade.


A arte que habita uma casa deve ter o mesmo tom da vida que ali acontece. Não precisa ser perfeita, apenas verdadeira. Porque o que realmente transforma um espaço não é a cor da parede, nem o tamanho da moldura. É o olhar de quem a escolheu.



Curadoria: Marisa Melo




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