Arte: a alma do luxo

Durante toda a história da humanidade pudemos observar e comprovar o impacto edificante da arte em nossas vidas. Arte, na origem latina da palavra, significa técnica ou habilidade. Em outras palavras, podemos chamar de: o talento através da habilidade de bem fazer as coisas. O talento humano é justamente o que transforma tudo o que é simples em extraordinário: o bloco de mármore que se transformou na belíssima escultura de Davi, por exemplo, só foi possível com o talento humano e manual do brilhante Michelangelo.

Artistas. Aliás, qual sua função no mundo? São eles que carregam a importante missão de transformar nossas vidas. É um belo quadro na parede que muda todo o ambiente, um livro que expande seu repertório, uma música que muda o seu dia, um filme ou uma peça de teatro que te enriquece, a decoração que traz bem-estar, a beleza que traz ânimo. Não nos damos conta, mas a arte está em tudo o que consumimos diariamente. Sem ela o mundo não teria a mesma graça. Essa graça, nada mais é do que o fruto do trabalho de artistas. Artistas que mesmo que não se apropriem disso de forma consciente, estão servindo o mundo com sua criatividade.

O mundo pode ter evoluído, mas o que não nos damos conta é que ao mesmo tempo em que aumenta o consumo de tecnologia e inteligência artificial, aumenta também, e muito, o valor humano das criações, pois somente o homem é capaz de tocar, encantar e emocionar. A artesanal, o capricho, a atenção aos detalhes, a complexidade técnica é o que traz valor para simples coisas. Esse valor é percebido por nós pelo amor e pelo significado que o artista coloca no que ele faz. Sua criatividade proporciona criações autênticas, originais e exclusivas, características essenciais, aliás, de produtos valiosos. O mercado de luxo foi genial ao perceber isso, afinal, como é possível vender uma bolsa por US$50 mil? Colocando arte no processo.

A arte é a alma do luxo porque é ela quem confere valor, unicidade e exclusividade. Nem mesmo o próprio artista consegue reproduzir a mesma obra da mesma forma. Ao adquirir arte, você não está apenas comprando um produto, mas também o artista, seu repertório e sua habilidade técnica, que dão vida a um trabalho artesanal, razão pela qual o preço reflete toda essa complexidade.

O mercado de luxo compreendeu que, para atribuir significado a um simples objeto, era necessário, além de manter os mais altos padrões de excelência, competência e qualidade, incorporar a arte para dar um sentido mais profundo. Isso cria valor por meio de uma habilidade técnica que transforma a produção manual em algo excepcional, garantindo que o resultado vá além de uma simples bolsa, carregando valor humano e talento. Assim, ao comprar um artigo de luxo, você adquire o melhor de alguém, um valor que se justifica pelo preço, que transcende o aspecto funcional do objeto criado.

Nessa equação, ao retirar a arte, o que nos resta? Uma simples coisa, um objeto comum, vazio não apenas de sentido, mas que, sem a sua essência, perde o valor que justifica o preço de um artigo de luxo.