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Michelangelo Buonarroti | Passaporte para a Imortalidade


A Arte é o espelho da nossa alma. Dorian Gray e Fausto retratam sonhos: beleza, prazer, sabedoria... Oscar Wilde e Goethe souberam captar nosso íntimo, retratar suas épocas e entraram para a História. Esse é o poder da folha, da partitura e da tela em branco. Elas não esperam apenas mais um texto, mais uma canção, mais um quadro. Diante delas, um inglês escreveu “Ser ou não ser”. Um alemão combinou quatro notas mágicas em sua 5ª. Sinfonia. E um italiano pintou um sorriso enigmático. Passaram-se os séculos. E Shakespeare, Beethoven e da Vinci seguem vivos e reverenciados. Nenhum deles planejou isso. Mas ao traduzirem suas almas em suas obras, conquistaram um passaporte para a imortalidade. Quando essa entrega acontece, o observador é conquistado. E aplaude um estilo, que buscará avidamente no próximo quadro. Até criar uma intimidade que lhe permita em segundos relacionar a obra ao autor.


Vamos conversar sobre alguns artistas e seus estilos inconfundíveis.


Hoje conosco, Michelangelo Buonarroti.




Michelangelo Buonarroti
Michelangelo Buonarroti

Nascido em 6 de março de 1475, em Caprese, na Toscana, e falecido em 18 de fevereiro de 1564, em Roma, Michelangelo atravessou quase nove décadas de uma vida marcada pela intensidade. Criado em Florença, foi acolhido ainda adolescente no círculo de Lorenzo de Medici, onde conviveu com filósofos humanistas, poetas e escultores. Esse ambiente, que respirava a redescoberta do mundo clássico e a afirmação da dignidade humana, moldou sua visão de que a arte não era ornamento, mas revelação da própria essência do ser.


Escultor por excelência, Michelangelo acreditava que a obra já estava contida no mármore, e que cabia ao artista libertá-la. Dessa crença nasceram algumas das esculturas mais célebres da história, como a Pietà (1499), em que a dor da Virgem Maria é transformada em beleza serena, e o monumental Davi (1504), que simboliza tanto a perfeição anatômica quanto a coragem de Florença diante das adversidades políticas.


Mas foi como pintor que ele entrou definitivamente no imaginário coletivo. Entre 1508 e 1512, aceitou o desafio de cobrir o teto da Capela Sistina, uma das tarefas mais desafiadoras já impostas a um artista. Deitado em andaimes, em condições físicas extenuantes, Michelangelo criou um dos maiores ciclos pictóricos da humanidade. Ali estão a Criação de Adão, em que os dedos de Deus e do homem quase se tocam, imagem que ultrapassou a arte para se tornar ícone universal da experiência humana.


Décadas mais tarde, entre 1536 e 1541, retornou à Sistina para executar o monumental Juízo Final, no altar. A cena é um turbilhão de corpos, anjos e condenados, pintados com vigor e dramaticidade. A ousadia dos nus escandalizou a Igreja, mas a obra resistiu como testemunho da fé e da angústia de um artista que via na arte um espelho da condição humana: grandeza, queda e possibilidade de redenção.


Michelangelo também foi arquiteto de visão grandiosa. Em Roma, projetou a cúpula da Basílica de São Pedro, que até hoje domina a cidade. Sua arquitetura unia funcionalidade e transcendência, erguendo construções que parecem desafiar os limites entre peso e leveza. Além disso, escreveu poemas em que revelava sua inquietação espiritual e seu desejo de transcendência, confirmando que sua criação não se limitava à forma plástica.


Sua vida, no entanto, não foi apenas glória. Rivalizou com Leonardo da Vinci, enfrentou críticas, isolou-se em crises de melancolia e trabalhou até a exaustão. Também cultivou rivalidade com Rafael e Bramante, disputando não apenas o prestígio nas encomendas papais, mas a própria definição de grandeza artística no Renascimento. Esse embate de visões, Leonardo buscando a harmonia ideal, Rafael a elegância clássica, e Michelangelo a força titânica, ajudou a moldar uma era em que a arte se tornou campo de afirmação e de confronto intelectual.


Nos últimos anos, debilitado por febres e problemas renais, recusou-se a parar. Ainda moldava pedra em Roma quando, em 1564, morreu aos 88 anos, deixando inacabada a Pietà Rondanini, obra que parece um testamento de sua busca incessante por espiritualidade através da forma.


Michelangelo conquistou seu passaporte para a imortalidade porque fez da arte um exercício de fé, potência e revelação. Sua obra não se esgota na beleza técnica nem no esplendor monumental, mas permanece viva porque traduz a experiência humana em toda a sua grandeza e fragilidade. Cada corpo esculpido, cada gesto pintado, cada espaço arquitetado fala de nós, ainda hoje. O Renascimento lhe deu o palco, mas sua visão universal garantiu que sua arte atravessasse séculos. Michelangelo não apenas marcou a história: ele a moldou com suas próprias mãos, deixando à humanidade um legado que jamais se apagará.





PRINCIPAIS OBRAS DE MICHELANGELO



 
 

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