Harmonia e Inocência: 'Campo de Girassol' por Maya Veronese
- Marisa Melo

- 22 de jan. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de jun.

“A infância é o chão sobre o qual caminhamos o resto da vida.” — Lya Luft
Em Campo de Girassol, Maya Veronese pinta exatamente esse chão. Com apenas 10 anos, a artista entrega uma tela que vai além da doçura da infância. Feita em acrílica sobre tela (40 x 50 cm, 2023), a obra venceu um prêmio internacional em Portugal e confirma que sua pintura não depende da idade, mas da clareza de olhar e da força da construção visual.
A repetição dos girassóis cria ritmo e expansão. A composição se organiza com segurança, conduzindo o olhar em ondas suaves entre os tons quentes do campo e o azul profundo do céu. O tema não é novo, mas Maya consegue tratá-lo com leveza e intenção, transformando o comum em algo que respira afeto e estrutura.
Sua paleta é quente e contida. Os amarelos e ocres não se impõem, eles sugerem. O azul contrasta, mas não pesa. A técnica acrílica é aplicada com espontaneidade e controle. A artista demonstra noção de equilíbrio, distribui os elementos com lógica visual, constrói profundidade com naturalidade.
Os girassóis, mesmo com traços de infância, apontam um olhar atento à organização do espaço. Há perspectiva, há ritmo, há noção de campo visual. Maya não tenta impressionar, apenas pinta com aquilo que já sabe, e o que sabe é suficiente para criar uma cena delicada e firme.
Campo de Girassol não busca explicar nada. Apenas existe, e por isso toca.
O gesto não é forçado. A pintura não quer ser mais do que é. Mas por isso mesmo, funciona. A obra nos convida a parar. A sentir o tempo devagar. A lembrar que a infância também é feita de imagens que ficam mesmo quando já se foi embora.
A venda da obra, em maio de 2024, pela UP Time Art Gallery, não foi um gesto simbólico. Foi reconhecimento. O que Maya constrói nessa tela tem densidade. Tem critério. E tem início.
Com essa pintura, Maya Veronese não pede espaço. Ela ocupa com naturalidade. Sua linguagem está em formação, mas já diz muito. E o que diz, fica.


