Harmonia e Inocência: 'Campo de Girassol' por Maya Veronese
- Marisa Melo
- 22 de jan. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de abr.

Há uma doçura vibrante na tela Campo de Girassol, de Maya Veronese. Mas é uma doçura que não se limita à inocência da idade, embora a artista tenha apenas 10 anos, e isso por si só já nos enterneça. Trata-se de uma potência emocional convertida em linguagem plástica, onde gesto, cor e composição se encontram com uma delicadeza comovente.
A obra, feita com tinta acrílica sobre tela (40x50 cm, 2023), foi reconhecida em 2023 com um prêmio internacional em Portugal, e não por acaso. Maya cria um campo que não é apenas paisagem: é atmosfera. É sentimento transbordado em amarelos cálidos, onde os girassóis surgem como constelações terrenas, conduzindo o olhar por uma cadência quase musical. O uso da repetição dos elementos florais cria ritmo, movimento e uma impressão de vastidão, um horizonte que se desenrola sem pressa, banhado por uma luz interior.
Sua paleta é um exercício de sutileza. Os amarelos e ocres dialogam com a profundidade do azul do céu, em uma relação cromática que sugere quietude, alegria e uma sensação de acolhimento rarefeita. A artista manipula as cores com autonomia, criando um calor que não queima, mas abraça. A composição tem algo de simbólico, uma espécie de altar para a simplicidade, onde a natureza se expressa em sua plenitude solar.
Maya começa a construção de sua cena com um domínio que surpreende. Os girassóis, ainda que infantis em seu traço, revelam um olhar já atento à perspectiva e à harmonia visual. A técnica acrílica é aplicada com espontaneidade, mas também com intuição cuidadosa. Não há rigidez, tudo está no lugar exato onde deveria estar. E talvez seja aí que reside sua magia: em transformar o comum em extraordinário sem esforço aparente.
Mas é no sentimento que a obra encontra sua morada definitiva. Campo de Girassol é profundamente tocante. É como se cada flor carregasse um instante preservado da infância, uma esperança sem palavras. Maya nos mostra, com clareza e sensibilidade, que a arte pode ser esse campo onde o tempo desacelera, onde o coração respira com mais leveza, onde a beleza ainda tem espaço para florescer.
Com esta pintura, Maya Veronese inaugura uma voz que, embora jovem, já sabe falar com o silêncio das imagens. E faz isso com lirismo, técnica e uma intuição que só os grandes artistas, sabem carregar. Não à toa, a obra foi vendida em maio de 2024, por meio da UP Time Art Gallery, um gesto que reconhece seu valor, e reafirma o brilho dessa jovem artista em plena ascensão.