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Arte e empresas: um diálogo necessário

Atualizado: 16 de set.


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Durante muito tempo, a relação entre arte e empresas no Brasil foi marcada por um tom discreto. Existia, mas dentro de limites bem definidos: o quadro decorando a recepção, a logomarca impressa no cartaz, o patrocínio protocolar. À arte cabia emprestar prestígio e suavizar ambientes. O que se esperava dela era função ornamental, raramente estratégica.


O cenário começou a mudar em 2020. A pandemia não trouxe uma reinvenção repentina, mas acelerou transformações que já estavam em curso. Ficou evidente que a arte, assim como tantas outras áreas, precisaria ocupar o espaço digital sem perder consistência. Deixou de ser possível pensar em visibilidade apenas no físico. Surgiu, então, o que chamamos de universo figital, essa fusão do real e do digital que já não é conceito, mas prática.


Empresas que antes viam a arte como algo periférico passaram a compreendê-la como ponte com o público. E artistas, por sua vez, perceberam que visibilidade não é concessão, mas construção. O espaço digital exige presença e clareza. Não basta mais produzir imagens esteticamente atraentes. É necessário comunicar visão, sustentar discurso, oferecer experiência que vá além do olhar imediato.


A internet está saturada de vozes e imagens. Nesse excesso, o artista que deseja ser percebido precisa afirmar sua presença. Não se trata de ceder ao espetáculo nem de se moldar ao algoritmo, mas de assumir responsabilidade: estar com coerência, frequência e intenção. Ações pontuais não constroem reputação. O público, cada vez mais atento, busca acompanhar processos, entender propósitos, perceber autenticidade.


As empresas também se movem nessa direção. Procuram artistas com identidade clara, projetos que expressem valores, propostas que mobilizem e criem vínculos. Esse encontro, quando conduzido de forma honesta, não diminui a obra. Pelo contrário, fortalece-a. O artista não se submete ao mercado, mas estabelece diálogo com ele. E desse diálogo surgem colaborações que extrapolam a lógica do patrocínio: marcas que se transformam em plataformas culturais, artistas que expandem sua atuação, projetos que geram impacto e memória.


Vivemos um momento raro. A arte pode ser instrumento de transformação concreta, capaz de atravessar a esfera simbólica e alcançar dimensões sociais, educativas e políticas. Empresas que compreendem isso não se limitam a campanhas, mas investem em sentido. Criam coleções corporativas, abrem espaços de exibição, financiam iniciativas formativas. Conectam sua imagem à cultura viva do país, não como adorno, mas como estratégia de presença.


Para o artista, esse é o tempo de se posicionar. De reconhecer que sua linguagem é patrimônio, que sua coerência é marca, que seu trabalho tem valor simbólico e também econômico. É preciso clareza para lidar com questões ainda em adaptação, como precificação, direitos autorais e autenticidade digital. Mas junto dos desafios vieram oportunidades inéditas. A arte brasileira nunca esteve tão visível, tão acessível a diferentes públicos, tão necessária como linguagem para interpretar nosso tempo.


A decisão agora é de todos nós. Seremos espectadores ou agentes desse movimento? Porque a arte não é acessório. Ela é linguagem. E tanto artistas quanto empresas que souberem tratá-la com seriedade colherão resultados que vão além da imagem. Construirão legado.



Marisa Melo

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