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A arte de Mônica Ruggiero e seus diálogos com a culturais

Atualizado: 24 de jun.


A arte é um convite para a descoberta, uma jornada que exige dos olhos e da mente uma receptividade constante ao novo. Quando nos distanciamos da obra de Mônica Ruggiero, somos desafiados a romper as convenções e olhar além das formas. A liberdade do olhar é a chave para adentrar um universo de emoções, histórias e questionamentos, onde a técnica e a sensibilidade se encontram. A pintura de Mônica nos pede para deixarmos de lado as expectativas e, com o afresco de quem se aproxima pela primeira vez, nos permitir explorar as camadas mais profundas de sua arte.



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Mônica Ruggiero nasceu em São Carlos, São Paulo, e desde muito jovem se entregou de corpo e alma à arte. Sua relação com o desenho começou ainda na infância, quando seus colegas de escola já a procuravam para capturar, no papel, o que sua mente imaginava. Há algo de mágico em como ela sempre olhou o mundo, com uma sensibilidade aguçada para as cores, as formas e os espaços. E esse olhar, claro, foi sendo moldado ao longo dos anos, começando com suas primeiras lições com Dona Noêmia Cardinali e depois, já na adolescência, com o professor Júlio Bruno. Sua formação foi se ampliando à medida que ela se entregava a cada nova experiência e a cada novo aprendizado.


Seus anos de faculdade foram decisivos. Na década de 1980, ela se dedicou ao curso de Arquitetura e Urbanismo na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), mas a arte sempre esteve ali, pulsante. E, como toda paixão que não se cala, Mônica decidiu retomar os estudos em 2003, ingressando em Artes Plásticas na Faculdade de Educação São Luís, em Jaboticabal. Foi nesse ponto que a verdadeira fusão entre a arquitetura e as artes plásticas se concretizou. Ela encontrou, na união dessas duas áreas, a chave para sua expressão artística, que reflete o espaço de forma não apenas técnica, mas também emocional. A geometria da arquitetura com a liberdade da pintura se tornaram um só, e suas obras revelam essa conexão ao primeiro olhar.


Hoje, como educadora, Mônica transmite sua paixão e seus conhecimentos para jovens artistas, mas ela nunca parou de aprender. Em seu ateliê, a busca por novas técnicas, por novas formas de expressar a arte, é constante. Seja no óleo, na aquarela ou no acrílico, ela se entrega à experimentação com uma curiosidade que parece não ter fim. Isso é algo que ela compartilha generosamente com seus alunos: a ideia de que a arte é um processo contínuo de descoberta e reinvenção.


Suas obras são como um convite para mergulharmos em um universo pessoal e, ao mesmo tempo, coletivo. Não importa se estamos diante de uma paisagem tranquila, de um retrato intimista ou de uma abstração vibrante. A arte de Mônica nos leva a um lugar onde não basta apenas olhar. Ela nos provoca, nos faz perguntar: como realmente vemos o mundo? Como percebemos as cores, os espaços, as formas que nos rodeiam? Em suas telas, ela não se limita ao esperado. Há uma energia pulsante em cada traço, que nos desafia a perceber cada detalhe.


Mônica tem um olhar apurado, refinado pela sua formação em arquitetura. A maneira como ela organiza os elementos na tela é, ao mesmo tempo, racional e sensível. A tela não é só um suporte, mas um espaço em que ela exerce seu domínio e, ao mesmo tempo, deixa a espontaneidade fluir. Cada linha, cada mancha de cor, é pensada, mas ao mesmo tempo, parece surgir de um impulso intuitivo, quase orgânico. As cores, ao invés de obedecerem a uma lógica previsível, ganham vida própria, e isso é o que torna suas obras tão cativantes. Elas não apenas são vistas, mas sentidas, experimentadas.


Em sua série Nativos, ela nos faz mais do que ver uma floresta ameaçada. Ela nos faz refletir sobre nossa relação com o planeta, sobre como a exploração desenfreada dos recursos naturais afeta não só o meio ambiente, mas também as culturas que lutam para preservar sua terra. Sua arte vira um espaço de reflexão, um convite para repensarmos nossas atitudes.




India e as Águas, Óleo sobre tela 50x70 cm 2024
India e as Águas, Óleo sobre tela 50x70 cm 2024

Banzo -acrílica sobre tela 60x80 cm 2024
Banzo -acrílica sobre tela 60x80 cm 2024


Iguana no Deserto 2024 - Óleo sobre tela 50x70 cm
Iguana no Deserto 2024 - Óleo sobre tela 50x70 cm


Mônica Ruggiero aborda questões sociais e culturais com precisão. Na série Nativos, ela não apenas retrata o ecossistema, mas o coloca em perspectiva crítica. A artista nos leva a refletir sobre a relação entre povos indígenas, africanos e a natureza, revelando conexões profundas que muitas vezes permanecem invisíveis. Ao fazer isso, nos confronta com o impacto da exploração dos recursos naturais e com o sofrimento dos povos que resistem para proteger sua terra.


Sua pintura funciona como espaço de provocação e reflexão. Cada obra é uma entrada para o debate sobre como ocupamos o mundo, sobre o que destruímos no processo e sobre o que ainda podemos preservar. Nativos não é uma série sobre o passado. É um alerta visual sobre o presente. E, talvez, uma convocação para revermos o que ainda pode ser transformado.


"Desolaçao" - Acrílica sobre tela e gesso - 60x80 cm_2024
"Desolaçao" - Acrílica sobre tela e gesso - 60x80 cm_2024

Se há uma obra que concentra a força crítica da pintura de Mônica Ruggiero, é Desolação. Acrílica e gesso sobre tela, a composição apresenta uma mulher africana, com brincos e colares tradicionais, em uma cena frontal e silenciosa. Seus olhos marejados não falam apenas de dor. As lágrimas em tom de sangue apontam para algo que ultrapassa o sofrimento individual. É um lamento coletivo, uma perda sem fronteiras, que atravessa culturas, territórios e tempos.


Ao fundo, a morte dos elefantes se manifesta como símbolo do colapso ambiental e da destruição provocada por nós. A pintura não oferece consolo, tampouco suaviza o tema. Ela revela. Expõe a ligação entre a exploração da natureza e o esvaziamento de culturas que há séculos resistem. Mônica não ilustra uma tragédia. Ela nos posiciona diante dela.


Desolação não é apenas denúncia. É um deslocamento visual que obriga o olhar a parar. É uma imagem construída para interromper o fluxo da indiferença. A pergunta está implícita na própria composição: o que estamos fazendo com o mundo? Como sustentamos práticas que levam à destruição e, ao mesmo tempo, evitamos encarar suas consequências?

A obra não aponta caminhos fáceis. Mas exige consciência. Convoca o espectador a assumir responsabilidade. Não com culpa, mas com ação.


Desolação nos desafia a mudar o ritmo, rever a lógica, reconstruir o lugar que ocupamos diante da natureza e dos povos que ainda tentam preservá-la. É nesse poder de confrontar e mover que reside a força da pintura de Mônica Ruggiero. Ela não trabalha com neutralidade. Trabalha com posicionamento. Ela propõe mudança.

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