Rossana Covarrubias: A Arte Como Resgate e Renascimento
- Marisa Melo
- 5 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de abr.
Histórias de Todas Nós, Mulheres é um projeto que dá voz a trajetórias femininas de superação, resiliência e transformação por meio da arte. Cada relato compartilhado aqui carrega não apenas experiências individuais, mas também inspirações coletivas que atravessam o tempo e os corações. A história de Rossana Covarrubias é um desses testemunhos de força: uma artista que encontrou na pintura um refúgio e na criação, um caminho de cura.

Durante a pandemia, enquanto o mundo parecia suspenso entre o medo e o recolhimento, Rossana atravessava um tempo ainda mais delicado, onde a dor não vinha em notícias, mas em silêncios. Chilena de nascimento, radicada no Brasil desde os 13 anos, ela construiu aqui suas raízes, seus afetos e sua trajetória. Entre eles, um vínculo visceral com sua mãe, sua amiga, sua cúmplice, seu espelho.
Elas faziam tudo juntas: conversas longas, cafés partilhados, receitas de memória e caminhadas com os olhos no horizonte. Havia entre elas uma intimidade que dispensava palavras. Mas então o tempo, disfarçado de esquecimento, começou a desfazer esse laço. O Alzheimer chegou sem bater na porta, e aos poucos a mãe de Rossana começou a se perder dela. Primeiro, pequenos esquecimentos. Depois, um dia comum que virou abismo: o olhar vazio, a ausência do reconhecimento. Rossana, que sempre fora filha, precisou se tornar guardiã.
Como se essa dor não fosse já uma travessia por si só, em meio a esse luto em vida, ela recebeu outra notícia que lhe tiraria o chão: seu filho, aos 20 anos, foi diagnosticado com esclerose múltipla. A juventude dele, feita para o movimento, agora aprendia a conviver com a imprevisibilidade do corpo e a lentidão dos dias. Rossana, mais uma vez, precisou ser porto — para a mãe que esquecia e para o filho que enfrentava a vida com coragem.
E ainda assim, havia mais: o trabalho que lhe escapava, o sustento que faltava. Desempregada, ela se viu na tênue linha entre o desamparo e a resistência. Mas Rossana nunca permitiu que a dor a endurecesse. Em vez disso, cultivou delicadezas. Transformou o cuidado em ritual, a escassez em presença, a exaustão em fé.
Quem resgatou Rossana desse abismo foi a arte. Em um dia qualquer, em meio à apatia e ao vazio, ela deslizava o dedo pelo feed do Instagram — sem expectativas, quase no automático — quando se deparou com um concurso artístico. Algo nela acendeu. Inscreveu-se. Participou. E, como num gesto silencioso do destino, aquilo a puxou de volta do limbo.
A partir dali, as coisas começaram, pouco a pouco, a fazer sentido novamente. A arte, com sua força regeneradora e invisível, estendeu-lhe a mão. Não para apagá-la do que viveu, mas para lembrá-la de quem sempre foi.
Hoje, ela é símbolo de uma força silenciosa, daquela que tantas mulheres carregam sem pedir aplausos. Sua história é feita de perdas, sim, mas também de uma beleza que resiste, como flor que insiste em nascer na fenda da rocha. Ao compartilhá-la no projeto História de Todas Nós, Mulheres, Rossana não só honra sua própria trajetória, mas oferece a outras mulheres o espelho da resiliência, da entrega e do amor que ultrapassa o esquecimento.
Se você também tem uma história de superação e transformação através da arte, queremos conhecê-la. O projeto "Histórias de Todas Nós, Mulheres" é um espaço para celebrar narrativas reais de força e resiliência. Compartilhar sua trajetória pode inspirar outras mulheres a enxergarem a beleza em seus próprios processos de reconstrução. Porque quando uma mulher encontra sua voz, ela abre caminhos para tantas outras. Venha fazer parte desse movimento. Sua história merece ser contada.