Raizes Entrelaçadas: A obra de Andrea Mariano que Conquista Bruxelas
- Marisa Melo
- 21 de nov. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 24 de jun.

Ao longo da história, a arte sempre ocupou um papel decisivo na formação de consciência coletiva. Quando associada às questões sociais e culturais, ela deixa de ser apenas expressão individual e passa a operar como linguagem de transformação. Andrea Mariano compreende essa potência e a incorpora em sua prática de forma direta, com coerência e compromisso.
Artista paraibana, Andrea constrói uma trajetória marcada pela diversidade de formação. Seu percurso acadêmico inclui Direito, Marketing, Enfermagem e Administração Hospitalar. Também ocupa uma cadeira na Academia de Letras de Princesa, reafirmando seu vínculo com a cultura e a produção intelectual de sua região. Mas é na pintura que sua voz se projeta com mais força.
Integrante do coletivo da UP Time Art Gallery, Andrea apresenta sua obra no Salon International d'Art Contemporain, em Bruxelas. Conectada às suas origens na Paraíba, ela incorpora elementos que reforçam a identidade nordestina. O chapéu de couro, ícone da cultura nordestina, acompanha Andrea em cada apresentação. É um gesto que reafirma suas raízes e insere o Nordeste na cena onde sua arte circula.
Sua obra se constrói entre o pessoal e o político. Em cada pintura, Andrea reafirma seu compromisso com causas sociais, transformando a arte em ferramenta de reflexão. Um exemplo dessa abordagem foi sua exposição em Barcelona, onde apresentou a série Olhares: Reflexão sobre a Guerra na Ucrânia, com foco no silenciamento das mulheres durante os conflitos. Ao abordar temas globais sem perder a dimensão local, sua obra cria pontes entre temporalidades e realidades.
Esse mesmo engajamento se manifesta na obra que apresenta agora em Bruxelas. A artista propõe um encontro visual entre duas mulheres, uma negra e uma indígena, ambas marcadas por histórias de resistência. Ao reunir essas figuras, Andrea evidencia as feridas deixadas pela colonização e pela escravidão, mas também celebra as tradições que essas culturas mantêm vivas. A obra não recua diante da dor, mas também não se resume a ela. Há força, continuidade e proposição de futuro.
Com essa pintura, a artista reafirma que as lutas travadas no passado não ficaram lá. Elas seguem vivas, sustentando a construção de um mundo mais justo. Ao propor esse encontro, Andrea atualiza o debate sobre identidade, visibilidade e memória, sem perder a ligação com o que é urgente. Sua pintura funciona como um gesto político e poético ao mesmo tempo. Uma afirmação do que é preciso lembrar e do que ainda precisa mudar.
"Meu desejo é seguir denunciando as injustiças que encontro ao meu redor, utilizando a arte como um meio de reflexão. Quero dar voz àqueles que, por tanto tempo, foram silenciados, e destacar a luta constante por dignidade e respeito. A arte tem o poder de provocar, de incomodar, e é com ela que busco contribuir para a construção de um mundo mais consciente e inclusivo. Através das minhas pinturas, busco trazer à tona as realidades que muitas vezes são ignoradas. Cada quadro que pinto é uma afirmação do que deve ser lembrado e daquilo que ainda precisamos mudar." (Andrea Mariano)
Ao provocar esse tipo de diálogo, Andrea Mariano reafirma seu lugar no debate contemporâneo. Sua pintura não apenas ilustra, mas propõe. Em um tempo em que imagens são facilmente consumidas e esquecidas, sua obra exige leitura e envolvimento. E é justamente essa capacidade de articular forma e conteúdo que consolida sua presença como artista que não apenas acompanha o seu tempo, mas o confronta.


Saiba mais:
Instagram: @andreamarianoarte
Serviço:
Evento: Exposição Salon International D'art
Galeria: UP Time Art Gallery
Curadoria: Marisa Melo
Obra em destaque: Raízes Entrelaçadas
Local: Bruxelas, Bélgica
Datas: 22 a 24 de novembro de 2024