Liberdade e Personalidade. Duas palavras que definem a trajetória de Ritamar no universo da arte. Artista multifacetada, ela se expressa através de uma variedade de formas criativas: do desenho à pintura, da poesia à direção de peças teatrais. Há anos, também se dedica à criação de tapetes de serragem nas ruas, como forma de celebrar o Corpus Christi, conectando arte, espiritualidade e comunidade. A liberdade é sua principal aliada, permitindo-lhe transitar entre diferentes disciplinas e criar obras que ressoem profundamente com sua essência.
Em nossa entrevista exclusiva, Ritamar compartilha sua jornada artística, abordando suas influências, seu processo criativo e o impacto de sua arte na conexão com o mundo. Sua busca constante pelo genuíno e sua paixão pela inovação são os motores que impulsionam sua obra, tornando-a uma artista singular, que deixa sua marca não só em sua cidade, mas também em vários países, com exposições que expandem seu legado.
Ritamar, sua jornada artística começou ainda na infância. Qual foi o momento ou experiência que você considera como o verdadeiro ponto de partida para sua conexão com as artes?
Não existe uma experiência única que me despertou, mas sim um conjunto de experiências que moldaram minha relação com as artes desde a infância. Eu adorava criar roupas para bonecas, inventar jogos e organizar brincadeiras criativas. Na escola, destacava-me em artes cênicas, demonstrando desde cedo paixão pela expressão artística.
Essa veia criativa vinha também de casa: meus pais eram músicos, cantores e artesões, e a atmosfera artística em que cresci foi essencial para despertar meu olhar para o mundo das artes. Mais tarde, a escolha pela graduação em Educação Artística consolidou essa paixão, e minha atuação como professora permitiu que eu canalizasse essa criatividade em projetos inovadores nas escolas, inspirando novas gerações a também explorarem o potencial da arte.
Você transitou por diversas disciplinas criativas, como artes cênicas, música, literatura e artes visuais. Como essas diferentes áreas influenciam sua abordagem como artista plástico?
Cada disciplina que explorei ao longo da minha trajetória contribuiu para enriquecer a visão e a abordagem como artista plástica. No teatro, aprendi sobre a importância da narrativa e da expressão emocional, elementos que busco traduzir nas minhas telas. A música, por sua vez, me ensinou a sensibilidade aos ritmos e harmonias, algo que aplico ao compor minhas obras.
A literatura, com suas palavras e imagens evocativas, me inspira a criar histórias, muitas vezes abstratas, mas carregadas de significado. E, claro, o artesanato e as habilidades manuais que desenvolvi desde a infância me deram uma base sólida para experimentar materiais e texturas.
Essas experiências múltiplas me ajudaram a olhar para a arte de forma integrada, como um universo onde todas as formas de expressão se unem, enriquecendo meu processo criativo e permitindo que minha essência se manifeste plenamente em cada obra.
Seus murais e os tapetes de serragem de Corpus Christi são exemplos claros de arte comunitária. Como você enxerga o impacto dessas iniciativas na conexão arte, cultura e espiritualidade?
Os murais e os tapetes de serragem representam, para mim, uma forma de unir arte, cultura e espiritualidade. No caso dos tapetes de Corpus Christi, simboliza uma devoção, uma oração visual que conecta fé e arte. Já os murais trazem a arte para o cotidiano, transformando espaços urbanos em galerias a céu aberto, resgatando a identidade cultural. Essas iniciativas me mostram que a arte tem um poder transformador, tanto espiritual quanto social. Ela une as pessoas, resgata memórias e nos faz refletir sobre nossa ligação com algo maior, seja a comunidade, a natureza ou o divino.
Suas obras abstratas e abstratas-figurativas são reconhecidas por cores vibrantes e energia plástica, estilo etéreo, você traz muito do místico. Quais são as principais fontes de inspiração em seu trabalho?
Minhas fontes de inspiração são variadas e abrangem tanto o místico quanto o real, minha busca por uma expressão que seja ao mesmo tempo sensível e autentica. A energia vibrante das minhas obras vem dessa fusão entre o mundo interno e externo, busco representar emoções, intuições e experiências que muitas vezes são difíceis de traduzir em palavras.
O místico, para mim, surge da busca por uma conexão profunda com algo além da realidade visível, e isso se reflete no uso das cores que exploro, uso muito o azul, o violeta e o lilás.
Artistas como Kandinsky e Redon, com sua busca pela abstração espiritual, e Monet, com sua capacidade de capturar a luz e o movimento, têm uma grande influência sobre minha forma de ver a arte como uma manifestação da alma. Portinari e Velázquez me ensinam sobre a força do realismo e da expressão humanista, enquanto Klimt e Matisse, com formas intensas, me mostram como a arte pode ser vibrante e sensorial. Rafael e Botticelli trazem a técnica e a beleza clássica que eu também busco, mas sempre com uma visão contemporânea e pessoal.
Como você descreve seu processo criativo e de que forma ele evolui ao longo do tempo?
Meu processo criativo é um diálogo constante, não só comigo mesma, mas também com outros artistas. Gosto de debater, trocar experiências e aprender com diferentes perspectivas. Isso alimenta minha curiosidade e minha busca por novas formas técnicas e linguagens.
Tenho-me permitido desconectar das influências externas e me conectar profundamente com o meu interior. Esse aprocesso tem sido essencial para minha criação, pois, ao me entender melhor, consigo transmitir mais verdade nas minhas pinturas.
A exposição "Universo Particular" teve uma recepção marcante. O que essa experiência significou para você e como ela moldou sua visão sobre o impacto de sua arte?
A exposição 'Universo Particular' foi, sem dúvida, um marco na minha trajetória artística. Foram dois anos de planejamento, pesquisa e produção, que me permitiu mergulhar ainda mais profundamente no meu processo criativo. A curadoria impecável da Marisa Melo foi fundamental para a execução desse projeto, pois ela compreendeu e potencializou minha visão, ajudando a transformar essa experiência em algo real e transformador,
A recepção calorosa do público em São Paulo foi uma surpresa e, ao mesmo tempo, uma validação do impacto da minha arte. Teve um grande peso no fortalecimento da minha carreira, ampliando minha visibilidade e reforçando a importância de compartilhar minha visão do mundo. A exposição me fez perceber que minha arte vai além do que está na tela; ela tem o poder de tocar as pessoas, de provocar reflexões, despertar emoções e até transformar percepções.
Esse momento reforçou em mim a certeza de que a arte é uma forma poderosa de diálogo, não só com o outro, mas com o próprio universo que nos rodeia. Essa experiência foi uma conexão verdadeira, que continua a reverberar em minha prática artística e na forma como vejo o impacto da arte na vida das pessoas.
Fadinhas - Aquarela e acrílica sobre tela - 70x100 cm
Sonho - Aquarela e acrílica sobre tela_70x100 cm
Quais planos ou projeto para o futuro, o que esperar para os próximos anos de Ritamar?
Meus planos para o futuro são sempre movidos pela busca de conhecimento e aprimoramento. Estou constantemente explorando novas técnicas, novas formas de expressão, e tenho o desejo de trazer algo inovador para minha obra. Para o próximo ano, um dos meus focos será fortalecer minha presença em São Paulo, que é o coração pulsante do mercado de arte, e continuar ampliando minha atuação no circuito artístico.
Já levei minha arte para vários países, mas agora quero estar mais presente em São Paulo, onde as oportunidades e as conexões são imensas. Tenho também um projeto especial para a linha da cultura, que estou desenvolvendo com a minha curadora, Marisa Melo e que promete ser algo especial. Estou criando uma série específica, que tem tudo para agregar na minha jornada.
O futuro é cheio de possibilidades, e estou pronta para abraçar cada uma delas com dedicação e entusiasmo.
Saiba mais:
Instagram: @ritamardf
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