Patrícia Ribeiro: A Artista que Capta a Essência da Vida
- Marisa Melo
- 18 de ago. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de jun.

Em um cenário artístico cada vez mais orientado por tendências, fluxos rápidos de consumo e imagens descartáveis, a coerência entre linguagem, processo e sensibilidade se torna um diferencial raro. É nesse espaço que a obra de Patrícia Ribeiro se insere. Sua produção busca um campo de expressão que alie domínio técnico, intuição criativa e construção de sentido. Patrícia é uma artista que entende o tempo do fazer como parte da obra e, por isso, sua trajetória se revela não em rupturas, mas em amadurecimento contínuo.
Natural de Minas Gerais, Patrícia Ribeiro desenha desde muito jovem. Seu primeiro contato mais direto com a prática artística veio dos retratos feitos a lápis, baseados em pequenas fotografias 3x4. Com o tempo, mesmo cursando Arquitetura e Urbanismo, manteve firme sua dedicação às artes visuais. O desenho não era apenas habilidade, mas forma de presença. E foi essa presença que a conduziu a uma escolha: aprofundar sua linguagem com mais autonomia.
Em 2017, ingressou na Casa dos Quadrinhos, em Belo Horizonte, onde passou a estudar narrativas gráficas, colorização e animação. Expandiu seu repertório e estruturou uma base sólida de conhecimentos técnicos, sem perder a fluidez que já marcava seu trabalho. Esse período foi decisivo não apenas pela qualificação técnica, mas pela abertura de novas possibilidades. Desde então, Patrícia tem desenvolvido uma produção combinando linguagens tradicionais e digitais, transitando entre o desenho 2D, o modelado 3D e a arte digital, com domínio e naturalidade.
Sua linguagem é direta, sem excessos. Existe um cuidado formal na escolha dos temas. A natureza ocupa um lugar central em sua iconografia, não como representação bucólica, mas como fonte de equilíbrio e reflexão. Nas obras de Patrícia, a vida cotidiana ganha densidade. A artista capta gestos e fragmentos que muitas vezes passam despercebidos, e os organiza de forma quase meditativa.
A série "Energia da Dança" exemplifica esse encontro entre espiritualidade, corpo e expressão. Executada em arte digital, essa produção explora figuras femininas em movimento, como se estivessem envolvidas por uma dança contínua. Não há rigidez na composição. As formas surgem de forma fluida, e os cenários se abrem como paisagens sensoriais. O gesto, não é apenas movimento físico. É comunicação intuitiva, abertura para o divino.
Sua abordagem evita caricaturas ou idealizações. O feminino que aparece em suas obras é múltiplo, denso, em constante construção. Patrícia não tenta humanizar o animal, nem divinizar o humano. Ela costura essas dualidades num só campo visual, onde tudo é transição. O uso da arte digital, por sua vez, não compromete o calor do gesto. Pelo contrário. Permite à artista experimentar com liberdade, sem abrir mão da precisão.
Patrícia constrói sua trajetória com propósito. Sua prática revela uma artista que pesquisa, testa e se aprofunda, sem jamais se afastar de sua integridade artística.