Passaporte para a Imortalidade - Èdouard Manet
- Marisa Melo
- 27 de mar.
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de mar.

A Arte é o espelho da nossa alma. Dorian Gray e Fausto retratam sonhos: beleza, prazer, sabedoria... Oscar Wilde e Goethe souberam captar nosso íntimo, retratar suas épocas e entraram para a História. Esse é o poder da folha, da partitura e da tela em branco. Elas não esperam apenas mais um texto, mais uma canção, mais um quadro. Diante delas, um inglês escreveu “Ser ou não ser”. Um alemão combinou quatro notas mágicas em sua 5ª. Sinfonia. E um italiano pintou um sorriso enigmático. Passaram-se os séculos. E Shakespeare, Beethoven e da Vinci seguem vivos e reverenciados. Nenhum deles planejou isso. Mas ao traduzirem suas almas em suas obras, conquistaram um passaporte para a imortalidade. Quando essa entrega acontece, o observador é conquistado. E aplaude um estilo, que buscará avidamente no próximo quadro. Até criar uma intimidade que lhe permita em segundos relacionar a obra ao autor.
Vamos conversar sobre alguns artistas e seus estilos inconfundíveis.
Hoje conosco, Édouard Manet!
Édouard Manet é uma figura que sempre me intrigou. Nascido em 23 de janeiro de 1832, em Paris, no seio de uma família burguesa, Manet parecia destinado a uma carreira tradicional. Seu pai, Auguste Manet, era um juiz respeitado, e sua mãe, Eugénie-Desirée Fournier, tinha conexões aristocráticas. No entanto, desde cedo, Manet mostrou uma inclinação para as artes, uma paixão que o levou a desafiar as expectativas familiares e sociais da época.
Após tentativas frustradas de ingressar na Marinha, Manet decidiu seguir seu verdadeiro chamado: a pintura. Estudou com Thomas Couture, um pintor acadêmico, mas logo percebeu que seu estilo não se encaixava nos moldes tradicionais. Inspirado por mestres como Diego Velázquez e Francisco Goya, Manet começou a desenvolver uma abordagem, capturando cenas da vida cotidiana parisiense com uma franqueza que chocava e fascinava.The Metropolitan Museum of Art
Uma de suas primeiras obras a causar alvoroço foi "O Bebedor de Absinto" (1859), que retratava um homem marginalizado, desafiando as convenções artísticas e sociais da época. Mas foi com "Le Déjeuner sur l'herbe" (1863) que Manet realmente abalou o mundo da arte. A pintura mostrava uma mulher nua sentada casualmente entre dois homens vestidos, uma composição que desafiava as normas morais e artísticas e foi rejeitada pelo Salão Oficial de Paris, levando Manet a expô-la no Salão dos Recusados.
"Olympia" (1865) foi outro golpe na estética tradicional. Retratando uma cortesã nua olhando diretamente para o espectador, a obra foi considerada escandalosa e provocou reações intensas do público e da crítica. Manet, no entanto, permaneceu firme em sua visão, desafiando as convenções e pavimentando o caminho para a arte moderna.
Apesar das críticas e rejeições, Manet exerceu uma influência significativa sobre os jovens artistas que viriam a formar o movimento impressionista. Embora nunca tenha se considerado parte desse grupo, sua abordagem inovadora e sua disposição para capturar a modernidade da vida urbana inspiraram muitos, incluindo Claude Monet e Berthe Morisot.
Nos últimos anos de sua vida, Manet sofreu com problemas de saúde, culminando na amputação de sua perna devido a complicações de sífilis e reumatismo. Ele faleceu em 30 de abril de 1883, deixando um legado que continua a desafiar e inspirar artistas e amantes da arte até hoje.Wikipedia
Manet foi um revolucionário que, com pinceladas audaciosas e temas provocativos, questionou e redefiniu a arte de seu tempo. Sua coragem em enfrentar as normas estabelecidas e sua busca incessante por capturar a verdade da vida moderna garantiram-lhe um lugar eterno no panteão dos grandes mestres da pintura.



