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"O Artista Contemporâneo: Desafiando Antigos Paradigmas"

Atualizado: 18 de out. de 2023



A MONA LISA VALE MENOS QUE UMA GELADEIRA? FAZ SENTIDO ESSA COMPARAÇÃO?





A trajetória da Arte e do artista está profundamente ancorada em princípios seculares que ainda moldam nossa visão na sociedade. Há mais de cinco séculos, o Renascimento deve muito aos chamados "mecenas", indivíduos ricos e influentes, como comerciantes, nobres e banqueiros, que investiam em obras de arte para elevar seu prestígio. O artista, por sua vez, dependia desse apoio para se dedicar inteiramente ao seu ofício e fazer com que suas criações fossem conhecidas. Sem o patrocínio dos Médici, por exemplo, as obras de mestres como Donatello e Michelangelo talvez jamais tivessem chegado até nós, ou mesmo nunca teriam existido.


À medida que o tempo avançou, a cultura ocidental abraçou a supremacia da ciência e da produção, relegando a Arte a um segundo plano, sob a crença de que a sociedade poderia existir sem a presença dos artistas. Enquanto médicos, advogados e engenheiros eram considerados fundamentais, o trabalho do artista era visto como secundário, e a ideia de que ele precisava de alguém para obter sustento por meio de seu trabalho acabou sendo internalizada. Isso, por sua vez, justificou a presença de gravadoras, editoras e proprietários de galerias na vida do artista. Colocar sua carreira nas mãos de terceiros, no entanto, frequentemente deixa o artista em posição vulnerável.


Acredito que os curadores, muito além de simples organizadores de exposições, têm a oportunidade de atuar como agentes de conscientização, abrindo os olhos para verdades incontestáveis que muitos artistas tendem a ignorar. Trabalhar com Arte não é uma via de escape das preocupações financeiras; há uma insegurança generalizada e um medo palpável de estabelecer preços para suas obras. Por que, ao contrário de produtos de linha de montagem, como sapatos, geladeiras ou carros, os artistas sentem esse receio ao valorar suas criações?

Parece que esquecemos que um livro, uma pintura ou uma canção não são produzidos em massa, em uma fábrica. A pergunta é: faz sentido comparar o valor da Mona Lisa com o de uma geladeira?


Talvez possa parecer utópico almejar políticas públicas de apoio à Arte, mas tal movimento transcenderia o âmbito restrito desse campo. É uma questão que aborda a cultura popular como um todo. Recentemente, na França, as bailarinas da Ópera de Paris organizaram uma greve nacional contra mudanças no sistema de aposentadoria. Em um ato de solidariedade, elas realizaram uma apresentação gratuita e ao ar livre de "O Lago dos Cisnes", que recebeu o apoio entusiástico do povo francês, demonstrando seu reconhecimento pela importância da Arte na cultura do país.


Em um cenário em que o artista não confia no apoio popular e também suspeita das galerias e intermediários, cabe aos curadores lembrar que há, de fato, alternativas viáveis.


A verdade é que, na atualidade, a tecnologia fornece ao artista os meios para criar e difundir suas obras. As inúmeras ferramentas à disposição, como sites e redes sociais como o Instagram, quando habilmente utilizadas, podem projetar o trabalho do artista, alcançando audiências no Brasil e além-fronteiras. A compreensão destes caminhos, aliada ao domínio da habilidade de promoção eficaz, está ao alcance de todos.


Deixo o convite: assumir o controle de sua própria carreira é uma decisão crucial para o sucesso do artista contemporâneo.


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Olá,
sou Marisa Melo!

Olá, sou Marisa melo, inquieta e fascinada pela vida. Fascínio que se manifesta também, na Gastronomia, no universo dos livros e das ideias. Nas cores, na Pintura, na Música e em tudo que me faça pensar. Apaixonada pelos animais, especialmente cachorros! Acredito que todo conhecimento deve ser compartilhado. O que cada um vive e compartilha, enriquece e abre caminhos para todos. Aquela receita maravilhosa. O livro que não dá pra largar. A magia luminosa de uma foto inspirada. A conexão total entre o que comemos e nossa saúde. Entre nossa aparência e nossa autoestima. Quero sempre transmitir a minha verdade. Na foto, no texto, na opinião. Às vezes contra a corrente, às vezes nas entrelinhas. Sem a preocupação do elogio fácil.

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