O sucesso da trilogia "Brasil Paralelo" levanta questões profundas sobre nossa época e sociedade. Por um lado, denuncia não apenas uma crise artística, mas principalmente uma crise moral que parece permear a contemporaneidade. Esse documentário ressoa com espectadores conservadores e membros do canal, conhecidos como "Patriotas", que se opõem a valores que consideram impostos no Brasil por intelectuais, empresas e governos nas últimas décadas. Por outro lado, esse sucesso pode ser interpretado como um sintoma de uma crescente necessidade de "beleza" experimentada por brasileiros de todas as idades.
Muitos se sentem insatisfeitos com a negação frequente do valor intrínseco das grandes obras de arte e com as poéticas contemporâneas que parecem falhar em proporcionar momentos de epifania. Como resultado, muitos de nós buscam um reencantamento do mundo que passa pela contemplação estética, seja através da arte, seja da natureza.
No entanto, é fundamental questionar se o cenário da arte nos últimos séculos realmente confirma o "fim da beleza" e se as premissas e estratégias apresentadas pelo documentário são eficazes e convincentes. A transformação do conceito de arte, onde quase qualquer coisa pode ser considerada como tal, gerou uma perda da noção tradicional de padrões e critérios de qualidade artística. Tornar-se um artista visual agora é uma questão de autodeclaração, o que levanta questões sobre a qualidade das obras produzidas, frequentemente vistas como simplistas e carentes de profundidade.
Em meio a essa situação, o documentário "Brasil Paralelo" destaca a importância da beleza na vida cotidiana e examina como as mudanças na experiência estética ao longo do último século afetaram a sociedade. Ele destaca como a sociedade parece ter perdido seu apreço pelas coisas de valor, o que está intrinsecamente relacionado a uma cultura que silenciosamente se impôs ao longo do tempo.
Desde o Iluminismo, houve um afastamento progressivo de ideias e valores que historicamente sustentaram a cultura ocidental, levando a uma mudança em direção à transgressão ou ao sentimentalismo como motores da produção artística. O documentário chama a atenção para a importância da beleza em nossa vida pessoal e na cultura em geral, conscientizando-nos sobre o papel fundamental que a beleza desempenha em nossa experiência humana e na forma como percebemos o mundo que nos cerca.
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