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Francisca G. do Nascimento Ohlsen: quando o rio é memória, e a estopa é pele

Atualizado: 16 de mai.


Mulheres na Beira do Rio -100x10_Acrílico Sobre Sstopa
Mulheres na Beira do Rio -100x10_Acrílico Sobre Sstopa

Há artistas que pintam com os olhos, outros com as mãos. Mas há aqueles, poucos, que pintam com a lembrança. Francisca G. do Nascimento Ohlsen pertence a esse último grupo. Em sua série “Mulheres na Beira do Rio – 2023” e “Índias na Beira do Rio – 2023”, a artista brasileira radicada na Alemanha não nos mostra o Brasil. Ela nos devolve o que quase esquecemos dele.


Sua técnica é marcada por uma escolha que não é apenas estética, mas sensível: o uso da estopa como suporte. A textura porosa, quase rústica, aproxima as cenas da terra, do chão, do corpo. Não é um tecido neutro, é um convite à matéria. As cores, ao se alojarem sobre a estopa, ganham espessura, ficam mais próximas da pele do mundo. E isso muda tudo.


“Mulheres na Beira do Rio”, o que vemos não é uma cena imaginada, nem uma construção simbólica. É um fragmento de vida cotidiana que se eterniza porque carrega em si o peso da experiência vivida. Mulheres lavando roupas às margens do rio, crianças brincando, baldes coloridos espalhados como se fossem frutos colhidos da beira. O gesto é simples. Mas a forma como Francisca o traduz é tudo menos banal. Há cuidado nos contornos, há intenção na paleta, há uma luz que parece se lembrar de quando era sol de infância.





Índias na Beira do Rio - 80x80_Acrílico Sobre Estopa
Índias na Beira do Rio - 80x80_Acrílico Sobre Estopa

“Índias na Beira do Rio”, mergulha ainda mais fundo no íntimo. Mãe e filha dividem o tempo entre o trançar dos cabelos e o silêncio do rio. Duas presenças entrelaçadas por um gesto ancestral. Enquanto isso, ao fundo, outras crianças brincam na água, e o cenário pulsa com uma tranquilidade que não é inércia, é presença. A artista não romantiza, tampouco congela. Ela observa. E, ao pintar, compartilha conosco esse olhar terno, quase sussurrado.


Francisca, formada e residente na Alemanha, carrega consigo a distância. Mas sua pintura é prova de que a distância não é ausência. Pelo contrário: é o que permite ver com mais nitidez. E é isso que se percebe em cada obra: um Brasil visto desde longe, mas sentido bem de perto.


Sua paleta é quente, mas não explosiva. Os tons terrosos predominam, costurados com verdes úmidos, azuis de correnteza e vermelhos que surgem como pontos de memória. As figuras não estão detalhadas ao extremo, e não precisam. Elas são reconhecíveis não pela nitidez, mas pelo afeto. O que ela pinta não são corpos. São presenças.


Ao escolher a estopa como superfície, Francisca reafirma algo que percorre toda sua poética: a arte como matéria de contato. Não é uma arte para ser apenas vista. É para ser sentida. Como se cada pincelada carregasse o cheiro da beira do rio, o som das águas misturado aos risos, o calor do corpo dobrado sobre a roupa ensaboada.


Essas obras, reunidas no Catálogo de Natal da UP Time, estão disponíveis para aquisição. Mas o que se leva para casa ao adquiri-las vai além de uma composição bem feita. Leva-se uma história que não está no papel, mas na lembrança da artista. Um fragmento de país, de tempo, de intimidade partilhada.



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