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Andrea Mariano e as memórias do sertão


"Memórias do Sertão" - 70x90 cm, acrílica sobre tela_2025
"Memórias do Sertão" - 70x90 cm, acrílica sobre tela_2025

Andrea Mariano constrói sua pintura a partir de um equilíbrio entre o realismo e a pop art. Sua produção é marcada por precisão técnica, composição organizada e um olhar atento ao cotidiano. Nascida em Princesa Isabel, no sertão da Paraíba, a artista mantém viva a ligação com suas origens, que seguem sendo fonte recorrente de temas e escolhas visuais.


Na obra Memórias do Sertão (70 x 90 cm, acrílica sobre tela), Andrea retoma parte importante da própria história. A imagem nasce da convivência com seu pai, pecuarista, e da rotina no campo que marcou sua infância e juventude. A cena retrata dois bezerros deitados, justapostos com tranquilidade, cercados por tons terrosos e o verde vibrante do pasto. A composição revela equilíbrio formal e afeto contido.


A artista escolheu o realismo como linguagem para lidar com memória sem idealização. Cada detalhe da pintura, a textura da pelagem, a luz do céu, a densidade do capim, foi construído com intenção clara: tornar visível um cotidiano que moldou seus valores e sua forma de ver o mundo.


A obra remete à década de 1980, quando Andrea acompanhava o pai em sítios e currais, vivência que estabeleceu uma conexão direta com os animais e com a terra. Havia na cidade um curral ativo, comum naquela época, o que permitiu uma relação cotidiana com a pecuária e com a lógica do campo. O trabalho árduo, o respeito pelo ambiente e a adaptação às secas marcaram essa experiência. Não por acaso, o verde do capim aparece como símbolo recorrente, sinal de esperança para quem depende da terra.


O touro manso que seu pai conduzia, figura marcante da memória familiar, reaparece simbolicamente nos bezerros da pintura. A semelhança da pelagem e a posição tranquila dos animais criam um elo visual com essa lembrança, sem precisar ilustrá-la literalmente. Andrea transforma esse fragmento pessoal em imagem estruturada, capaz de dialogar com o coletivo sem perder sua origem íntima.


A pintura não é sobre saudade, mas sobre continuidade. A artista organiza o tempo na tela para preservar valores que considera essenciais: respeito pela terra, cuidado com os animais e reconhecimento pelo esforço de quem vive do campo.


Andrea Mariano reafirma não romantiza o sertão. Ela o retrata com dignidade, como parte da história que ela carrega e decide contar. E é justamente esse gesto, o de transformar lembrança em forma e estrutura, que mantém sua arte enraizada e viva.

 
 

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