Maya Veronese | História de Todas Nós Mulheres
- Marisa Melo
- 26 de jun.
- 3 min de leitura
Estreou no dia 17 de junho a exposição virtual História de Todas Nós Mulheres, uma mostra em 3D que reúne um coletivo de artistas comprometidas em mostrar o que é ser mulher com verdade e intensidade. São obras que abordam realidades diversas, trajetórias marcadas por rupturas, sobrecarga, reinvenção, cuidado, injustiça e potência.
O projeto nasce da urgência de visibilizar narrativas visuais que não embelezam a dor nem suavizam a luta, mas assumem o que se vive.

O filósofo francês Gaston Bachelard escreveu que "a imaginação é, sobretudo, a faculdade de tornar ausente o que está presente". Talvez por isso a arte feita por crianças nos comova de forma tão direta. Porque ela rompe com o esperado e se aproxima de uma verdade mais intuitiva, mais livre. Maya Veronese tem 11 anos e faz exatamente isso. Ela pinta não para parecer adulta, mas para dizer o que sente com as ferramentas que possui: o corpo, a cor e a liberdade de ainda não saber as regras.
Nascida em Nova Friburgo e atualmente vivendo na Austrália, Maya começou a pintar aos cinco anos, mas foi durante o período da pandemia que seu trabalho encontrou mais espaço. Sem formação artística na família, ela encontrou na pintura um lugar de investigação íntima. Acompanhada de perto pelos pais, transformou a criação em parte do cotidiano e da própria identidade. Pintar deixou de ser brincadeira e se tornou linguagem.
Em sua produção, Maya demonstra gosto pelo gesto direto, pelo uso intenso das cores e pela experimentação. Utiliza pincéis, mas também pinta com as mãos, criando texturas orgânicas, volumes e contrastes. As camadas de tinta se acumulam com ritmo. A tela é campo de invenção: há intuição e pouco controle. Essa combinação revela uma artista que, mesmo muito jovem, já compreende o poder da imagem como forma de comunicação.
Na exposição "História de Todas Nós, Mulheres", Maya apresenta a obra "Uma barreira de corais, suas cores e vidas", uma pintura em acrílica sobre tela onde o fundo escuro, quase negro, funciona como base de contraste para tons vibrantes de azul, vermelho e amarelo. O que se vê não é uma descrição do fundo do mar, mas uma impressão sensorial dele. A obra transmite a ideia de um mundo submerso e vivo, onde tudo pulsa e se move.

Maya pinta com liberdade, curiosidade e coragem. Sua prática atravessa referências que vão da natureza aos grandes nomes da arte, mas também observa, com atenção sincera, o lugar que meninas e mulheres ocupam no mundo. Essa percepção não vem em forma de discurso ensaiado. Vem na forma como ela escolhe criar.
Sua presença em História de Todas Nós, Mulheres não cumpre cota. Faz sentido porque lembra o que tanta gente esquece: a história das mulheres começa cedo. O direito de imaginar, propor e participar não pode esperar a vida adulta. A infância também tem o que dizer.
A pintura de Maya carrega alegria de verdade. É feita com as mãos, com os olhos curiosos, com o coração aberto. Ao pintar o fundo do mar, ela mostra que criar pode ser simples como brincar. Que cor e imaginação ainda dão conta de muita coisa. Maya pinta como quem acredita que tudo é possível, e talvez seja mesmo.
Curatorial:
História de Todas Nós, Mulheres é um projeto feito com alma, para que possamos contar e recontar as histórias que nos atravessam, nos moldam e nos transformam. Um espaço seguro e sensível onde cada mulher pode compartilhar sua vivência, sua força e sua verdade. Porque quando uma mulher se escuta, se expressa e se reconhece, ela cura partes profundas de si e acende luzes no caminho de outras.
Visite a exposição:
Serviços:
Exposição Virtual 3 D: História de Todas Nós Mulheres
Plataforma: Kunstmatrix
realização: UP Time Art Gallery
Curadoria: Marisa Melo
De 17 de junhi à 17 de agosto de 2025