Júlia d'Paula | História de Todas Nós Mulheres
- Marisa Melo
- 27 de jun.
- 3 min de leitura
Estreou no dia 17 de junho a exposição virtual História de Todas Nós Mulheres, uma mostra em 3D que reúne um coletivo de artistas comprometidas em mostrar o que é ser mulher com verdade e intensidade. São obras que abordam realidades diversas, trajetórias marcadas por rupturas, sobrecarga, reinvenção, cuidado, injustiça e potência.
O projeto nasce da urgência de visibilizar narrativas visuais que não embelezam a dor nem suavizam a luta, mas assumem o que se vive. Cada artista traz a sua forma de enfrentar o mundo com arte: seja com lápis, tinta, tecido, fotografia ou gesto.
Não se mede o tempo de um artista pelo número de calendários, mas pela coragem de começar. Júlia d’Paula começou cedo, mas sua presença em História de Todas Nós, Mulheres não se justifica pela juventude, e sim pela consistência. Aos 17 anos, com mais de 200 obras produzidas, um ateliê ativo e uma trajetória em expansão no Brasil e no exterior, ela sustenta uma linguagem própria com clareza e firmeza raras para sua geração.
Nascida em Tocantins, Júlia encontrou na pintura uma forma direta de se posicionar no mundo. Desde muito cedo, o que via, sentia e imaginava se tornava imagem. Seu interesse pela vegetação nativa do Cerrado não ficou na observação; ela aprendeu a reorganizar os elementos do entorno com autonomia, criando uma síntese visual que une intuição e estrutura. Sua pintura parte da paisagem, mas não se limita a ela: transforma território em pensamento visual.
As composições de Júlia nascem do embate entre gesto e forma, controle e liberdade. Volumes fragmentados, camadas de cor e um uso expressivo da pincelada criam superfícies dinâmicas, em que fundo e figura se tensionam. Sua paleta é viva: tons terrosos, verdes densos, azuis profundos que remetem não só um lugar geográfico, mas uma maneira própria de ver e traduzir o mundo.
A presença do corpo feminino também é tema central em sua produção. Em História de Todas Nós, Mulheres, Júlia apresenta duas obras, Arabesque (2020) e Cisne Azul (2022), que integram sua pesquisa em torno da figura da bailarina. Mais do que um motivo estético, a bailarina aparece como símbolo de disciplina, leveza conquistada e movimento contínuo. Características que, de certa forma, espelham a própria conduta da artista diante do processo criativo.
A presença de Júlia na exposição representa o que há de mais potente em uma nova geração de artistas que criam com método e autonomia. Sua obra não pede espaço por ser jovem, ela ocupa porque tem o que dizer. E diz com clareza, com domínio técnico e com um repertório visual que não se resume à idade, ela ultrapassa qualquer expectativa ligada ao tempo.
Na mostra, Júlia estabelece diálogos com outras mulheres que também constroem sua trajetória a partir da imagem. Sua presença traz continuidade, uma força que não aponta para um futuro hipotético, mas que já se manifesta agora, concreta, madura e ativa.
Curatorial:
História de Todas Nós, Mulheres é um projeto feito com alma, para que possamos contar e recontar as histórias que nos atravessam, nos moldam e nos transformam. Um espaço seguro e sensível onde cada mulher pode compartilhar sua vivência, sua força e sua verdade. Porque quando uma mulher se escuta, se expressa e se reconhece, ela cura partes profundas de si e acende luzes no caminho de outras.
Visite a exposição:
Serviços:
Exposição Virtual 3 D: História de Todas Nós Mulheres
Plataforma: Kunstmatrix
Realização: UP Time Art Gallery
Curadoria: Marisa Melo
De 17 de junho à 17 de agosto de 2025
