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Entrevista | Cristina Bernardini e os bastidores da curadoria

Cristina Bernardini
Cristina Bernardini


Radicada em Portugal há mais de três décadas, Cristina Bernardini construiu uma trajetória sólida e coerente, marcada pela articulação entre pensamento curatorial, gestão cultural e inserção no mercado internacional. Seu percurso reflete um modo de operar com clareza de propósito e decisões práticas.


Criadora da Atlas Violeta, associação voltada à arte e cultura dos países de língua portuguesa, Cristina iniciou seu trabalho institucional com foco no intercâmbio entre Brasil, Portugal e África. Ao longo dos anos, expandiu seu campo de atuação para feiras, mentorias e projetos curatoriais com alcance global, conectando diferentes continentes por meio de uma rede construída com critério.


Em 2024, inaugurou a Dama Art Gallery no Centro Empresarial do Porto. Cristina idealizou um espaço de trânsito real, onde a arte se encontrasse com públicos diversos no dia a dia. Desde então, a galeria abrigou exposições como Abiyán e 50 Tons de Branco, além de lançar o Prémio Dama de Ouro, que mobilizou mais de 195 mil votos e levou artistas a Paris, Dubai e Lisboa. A proposta é clara: oferecer visibilidade, fomentar redes e criar marcos concretos para a projeção de novos nomes.


Sua presença em feiras como World Art Dubai e Qatar International Art Festival reafirma seu compromisso com a internacionalização efetiva, sem improviso. Cristina representa artistas brasileiros e lusófonos com foco na construção de reputação e na consolidação de carreira. Evita fórmulas genéricas, prefere trabalhar com poucos artistas, acompanha de perto cada processo e investe em decisões de longo prazo.


Na Bienal Internacional de Arte Sacra Contemporânea de Braga, sua curadoria opera entre o clássico e o contemporâneo. Ao selecionar obras que desafiam leituras convencionais sem romper com o contexto histórico, propõe caminhos que respeitam a complexidade do tema e o pluralismo das formas artísticas.


Além da curadoria, Cristina atua como mentora e gestora cultural. Oferece orientação, estrutura e acompanhamento a artistas que desejam se inserir no circuito europeu. Defende que não há espaço para improviso ou expectativa ingênua no mercado de arte atual. É preciso preparo, clareza e foco. Sua abordagem é direta: não basta querer vender, é necessário entender o lugar que se ocupa e o percurso que se está disposto a construir.


A seguir, compartilho a entrevista que realizei com Cristina Bernardini. Um recorte direto sobre sua atuação, suas escolhas e os bastidores de uma trajetória construída entre Brasil, Portugal e o circuito internacional.




Como começou sua relação com o mercado de arte? O que te levou a entrar nesse campo e, mais especificamente, a escolher a curadoria como foco da sua atuação?


Foi uma extensão do meu trabalho de muitos anos como produtora cultural e o meio que eu sempre estive inserida, lidar com artistas de diversas áreas foi sempre fascinante e claro muito abrangente, o mercado de arte vem como consequência muitos artistas me procuravam para fazer curadoria de exposições em diversos locais desde museus, galerias entre outros, creio que quando temos consciência do que é um trabalho bem-feito, as portas e mercados abrem-se naturalmente.



Você construiu sua trajetória entre Brasil e Portugal, articulando artistas em feiras, bienais e projetos autorais. O que foi determinante para consolidar essa atuação internacional?


Ao longo da minha trajetória, a Atlas Violeta Associação Cultural e Apoio Social aos Países de Língua Portuguesa, teve uma grande influência, quando fui convidada para gerir o Departamento de Intercambio Cultural na Associação, automaticamente meu olhar voltou-se  para o Brasil, Portugal e África, apesar de também ter trabalhado com diversos artistas de outros países, como França, Itália, Espanha, Índia, Hungria entre outros...



A Dama Art Gallery nasceu com uma proposta clara de integrar arte e negócios. Qual foi sua motivação para criar esse espaço, e o que ele representa dentro do seu percurso curatorial?


Em primeiro Lugar a Dama Art Gallery, nasce de um sonho de 18 anos de trabalho, onde ter uma Galeria de Arte para mim era muito importante, mas eu não queria uma galeria convencional, por isso aguardei a oportunidade no lugar certo! O Centro Empresarial da Cidade do Porto, abriga 56 empresas, tem 3 andares, um auditório e 2 salas de reuniões multiusos, o que com certeza faz da Dama Art Gallery um local diferenciado, com os clientes transitando todos os dias, a maior motivação foi justamente saber que as Exposições na Dama Art Gallery são vistas diariamente por potenciais clientes e ao mesmo tempo o desafio de transformar um local onde o objetivo anterior a Dama era paredes  sem vida hoje a admiração é visível a cada nova Exposição, os comentários são sempre surpreendentes e vai criando o habito de compra da arte exposta o que é excelente, em uma Galeria que nasceu em novembro de 2024.



O Prémio Dama de Ouro mobilizou artistas de vários países e recebeu mais de 195 mil votos. Como você enxerga o papel desse tipo de premiação na profissionalização e projeção dos artistas?


Bem, esse premio nasceu com o objetivo de justamente dar oportunidade aos artistas em participar de um Salão de Arte na Europa e ter a certeza que nas 3 categorias existentes para os vencedores, seria de grande projeção para suas careiras, o primeiro Lugar, teve sua obra exposta na World Art Dubai 2025, o segundo Lugar tem uma exposição individual na Galeria por 30 dias, o terceiro a participação em uma Coletiva na Galeria e o Premio mais disputado e que fez com que recebemos os 195 mil votos foi o do Público, ao longo de  2 meses o publico pode votar, online e presencial na obra favorita, das 56 obras expostas dos 12 países participantes. O vencedor vai ter sua obra exposta em outubro de 2025 no Carrousel du Louvre.

Quanto a profissionalização do artista, creio que é um tema muito abordado e pouco esclarecedor para muitos artistas, mas tenho eu uma forma de pensar um tanto diferente neste campo, penso que por não ser artista minha visão é mais que o que faz a arte e o artistas poderem estar no mercado da Arte e ser tratado como um profissional, depende muito do que ele tem como ideia de onde ele está e a aonde ele quer chegar... em outras palavras todos os artistas que apostam em investir em conhecimento na sua carreira ele vai mais longe.





A Bienal Internacional de Arte Sacra de Braga exige uma curadoria que lida com temas sensíveis. Como você equilibra espiritualidade, estética e contemporaneidade nesse contexto?


A Bienal Internacional de Arte Sacra Contemporânea de Portugal, que sua primeira edição foi na Cidade de Braga, serviu justamente para isso desmitificar que o pretendido com essa Bienal, não era o convencional tema religioso e sim a abertura para que os artistas tivessem a liberdade de através da sua arte exprimir sua visão que todas as religiões existentes podem estar no mesmo espaço expositivo.

A curadoria dessa Bienal, foi um ponto importante na minha trajetória, porque mesmo a Bienal sendo exposta no Museu Pio XII, um local 100% católico consegui inserir diversas regiões no mesmo espaço.

Em 2026, a próxima edição já tem tema definido e vai acontecer em 3 países Portugal, Brasil e Cabo-verde.

 


Muitos artistas buscam visibilidade fora do país sem preparo estratégico. Na sua visão, o que é essencial para uma inserção internacional que não seja apenas pontual, mas sustentável?


Rm primeiro lugar, não acho que um artista deve fazer uma inserção internacional apenas pontual, primeiro ele não vai obter resultado! Agora também é necessário para que algo seja sustentável estar com profissionais que possam dar esse suporte 100%, todos os dias sou confrontada com artistas de diversos países que querem fazer exposição e outros até participar em Feiras internacionais, eu sempre questiono o artista se ele está preparado para um mercado que nunca ouviu falar nele nem no seu trabalho, se ele está preparado para começar um novo mercado, porque não existe milagre, existe sim muito trabalho e persistência.



Você atua também como mentora e assessora de carreira. Que tipo de orientação você considera indispensável para que o artista não se perca no processo de circulação global?


Bem para mim a melhor mais real orientação é que ele precisa fazer muito bem suas escolhas, não é necessário estar em várias exposições ou feiras de arte e sim filtrar o que realmente vai fazer sentido para sua arte! Também muitas vezes repito ao meus mentorados que o Sonho é dele e que ninguém vai sonhar por ele! A obrigação de saber onde e como quer que o seu trabalho seja reconhecido é dele, o mentor apenas aponta o caminho mais assertivo e não quer que ele cai em armadinhas, mas muitas vezes também sei que muitos artistas parece que tem a necessidade de se enganar para depois justificar que tudo está mal, que a culpa é de quem faz um trabalho de assessoria, curadoria, mentoria e qualquer que seja o serviço e cobra por esse serviço ele muitas vezes é marginalizado porque muitos artistas menos preparados pensam que deve ser feito gratuitamente! Mas na maior parte das vezes são os mesmos que pagam para não profissionais e depois rotulam a todos aqueles que fazem um trabalho profissional



Em um cenário de feiras rápidas e curadorias rotativas, o que permanece como critério inegociável no seu trabalho como curadora?

 

Bem, como a Feiras para mim são um cenário constante, os artistas que me acompanham são sempre maioriamente os mesmos por isso não são rotativas, sempre tive uma postura de trabalhar com poucos artistas, acredito que primar pela certeza de conhecer bem o trabalho e o artista é um grande facilitador, mas quando numa feira ou outra insiro um novo artista o meu critério inegociável é primeiramente o trabalho do artista se esta realmente em condições para estar exposto em uma feira de arte que por regra ele estará com mais 3 a 4 mil artistas, depois também é importante saber quais são os objetivos do artista ao participar de uma Feira de Arte Internacional, porque é inegociável para mim se a resposta for apenas quero vender minha arte! E porque o Vender uma obra não é de todo minha função de curadora! A minha função é selecionar o que de melhor existe no mercado da Arte e promover!



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