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Di Martino: entre o traço e o delírio da forma


Arte Digital
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Di Martino é um artista que atravessa suportes, estilos com notável coerência. Natural de Mazzarino, na Sicília, formado pela Academia de Belas Artes de Perugia, desenvolveu uma trajetória sólida, calcada na versatilidade técnica e em um imaginário visual inconfundível. Sua obra transita entre o óleo sobre tela, a arte digital e o desenho com caneta esferográfica, mas o que une todos esses meios é a presença de uma figuração pulsante, lírica, estruturada por um traço firme e um pensamento visual que flerta com a herança do modernismo sem nunca se reduzir a ela.


A arte digital como território gráfico do inconsciente


A produção digital de Di Martino se inscreve em uma linguagem expressiva que nos remete aos universos estilizados de Miró e aos recortes sintéticos de Matisse, mas nela há também algo que pertence inteiramente ao presente. Suas figuras, compostas de cores planas, linhas nervosas e proporções intencionalmente subvertidas, não buscam a beleza clássica, mas sim a força expressiva da imagem. Há um humor agudo, quase teatral, que se entrelaça a uma carga emocional intensa, personagens de rostos assimétricos, olhos desiguais, bocas que sussurram ou gritam algo invisível.

A paleta é decidida: amarelos quentes, verdes sujos, azuis densos, vermelhos insistentes. Nenhuma cor está para preencher: todas constroem sentido. Os contornos, mesmo digitais, mantêm o gesto manual. É arte que, apesar do suporte contemporâneo, conserva a vibração do desenho feito à unha, como se o pincel eletrônico tivesse sido ensinado por velhos mestres.


Nessas obras, o humano aparece em suas tensões mais viscerais: o desejo, a loucura, o medo, o amor, o pudor, o absurdo. Di Martino não ilustra, ele encena. Cada composição é um pequeno teatro em que as formas desempenham papéis arquetípicos, e ainda assim, absolutamente pessoais.




Arte Digital



O desenho com esferográfica: rigor e sensibilidade


No desenho com caneta esferográfica, Luigi revela seu lado mais concentrado. Essa técnica, considerada por muitos como uma linguagem menor, ganha em sua mão status de gravura sensível. Há um jogo de contraste entre o preto saturado e o branco do papel que resulta em construções densas, silenciosas, feitas de camadas e respirações.


Desenhos como La Sposa ou Nera mostram rostos femininos modelados com paciência quase escultórica. O claro-escuro não é efeito, é estrutura. O traço jamais se desvia de sua função de sustentar forma e presença. O papel texturizado colabora para dar corpo ao desenho, acentuando o volume e criando zonas de sombra que quase tocam o tridimensional.


Por outro lado, obras como Maternità ou Stregone exploram uma vertente mais gestual. Aqui, o traço é urgência. Linhas nervosas e sobrepostas constroem figuras sem apagar o rastro do gesto. O que poderia parecer ruído torna-se atmosfera. São obras que falam do sagrado e do íntimo com a mesma intensidade. A mulher que amamenta, o rosto que chora, o olhar que evade, tudo ali é imagem e memória.


Não há afetação. Não há tentativa de agradar. O que há é entrega. A esferográfica, em sua simplicidade, torna-se um instrumento de escavação: vai fundo, sem alarde, mas com firmeza.




Esferográfica sobre papel



Um artista contemporâneo que não precisa da pressa do tempo


O trabalho de Di Martino não se apoia em tendências. Enquanto muitos artistas se ajustam às plataformas, aos algoritmos ou às demandas do mercado, Luigi parece traçar seu percurso com independência. Ele se permite o tempo da linha, o erro da mão, o refinamento da forma. Mesmo na arte digital, onde a facilidade técnica poderia produzir resultados rápidos, ele opta pela construção lenta, detalhada, profundamente intencional.


O artista siciliano não está preso a uma assinatura única, mas a um pensamento plástico que sustenta toda a sua produção. A coerência está no olhar, não no formato. Na estrutura interna das figuras, no ritmo visual, na forma como o desenho organiza a emoção, sempre contida, nunca fácil.


Se há algo que sua obra nos ensina é que a verdadeira originalidade não está em inventar a todo custo, mas em fazer com verdade aquilo que se escolheu como ofício. Seja com o óleo, o digital ou a caneta comum, Luigi Emanuele Di Martino constrói um universo que é seu, e, por isso mesmo, nos pertence também. Porque toda grande arte nos espelha.



Quer conhecer mais? Explore o trabalho de Di Martino em nossa galeria e veja como ele traduz suas emoções:


📖 E não deixe de conferir outras críticas e entrevistas no nosso blog.






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