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Autenticidade: A Última Revolução da Arte Contemporânea

Atualizado: há 4 dias



Vivemos um tempo em que tudo é dito, postado, compartilhado, filmado, comentado, e depois esquecido. A era digital democratizou a criação e a difusão do conteúdo como nunca antes na história. A qualquer instante, milhões de vozes ecoam simultaneamente por uma mesma rede, disputando atenção, curtidas e relevância. Mas junto com essa abertura, surgiu um efeito colateral e corrosivo: a saturação. Um cansaço coletivo diante do excesso. Um mar de repetições, onde a originalidade virou artigo de luxo.


Para os artistas visuais, esses seres de visão rara, que se dedicam a extrair sentido do mundo e a devolvê-lo como beleza ou provocação, esse cenário é um desafio existencial. Como preservar o frescor da criação diante da estética do algoritmo? A resposta está em algo que as máquinas não sabem codificar: a alma. O que diferencia uma obra de arte de uma imagem qualquer é justamente sua capacidade de conter, em silêncio, a verdade de quem a criou.


Nietzsche nos alerta: "Torna-te quem tu és." Mas quem ousa, hoje, se tornar verdadeiramente quem é? Quando o padrão é copiar, o gesto mais revolucionário é cultivar a própria diferença. Em um tempo de fórmulas de sucesso e gurus digitais que prometem resultados em três passos, manter-se fiel à própria visão é um ato de resistência.


A percepção de valor nasce, primeiro, dentro do próprio artista. Antes de ser reconhecido, é necessário reconhecer-se. O público sente quando há verdade. E mais do que técnica, é a coragem de ser único que gera magnetismo. Construir valor é um processo lento, feito de coerência, presença e tempo. E, sim, isso exige estratégia, mas nunca à custa da essência. O artista que se molda demais às plataformas corre o risco de se tornar irrelevante, não por falta de talento, mas por excesso de concessão.


Walter Benjamin, em seu célebre ensaio sobre a reprodutibilidade técnica da arte, já pressentia essa tensão entre o singular e o múltiplo. Ele escreveu: “A aura de uma obra de arte está enraizada em sua presença única no tempo e no espaço.” O que dizer, então, de obras criadas já com o intuito de serem postadas, likes-driven, feitas para agradar algoritmos? O que se perde é justamente essa aura: o tempo interno, a densidade, o mistério.


É preciso abandonar a obsessão pela estética da performance e retornar à ética do fazer. Não se trata de romantizar o sofrimento, mas de resgatar o tempo da maturação, do estudo. A obra de arte carrega o espírito do seu criador. E por isso ela tem valor. Não por ser bonita, ou perfeita, ou comercial, mas porque ela é insubstituível.


Isso não significa negar o uso das redes ou das ferramentas digitais. Ao contrário: elas podem ser pontes entre o artista e o mundo. Mas que sejam usadas com consciência, e não como coleiras. Que a visibilidade seja consequência, e não objetivo. Que o marketing sirva à arte, e nunca o inverso. A tecnologia é uma aliada, desde que não sufoque a alma.

O artista precisa, antes de tudo, aprender a oferecer atenção ao próprio processo, àquilo que o move, ao que deseja realmente comunicar. Depois, sim, poderá ser percebido.


A arte da singularidade é, sobretudo, uma prática de liberdade. De sair do roteiro, negar o óbvio. É a coragem de se manter firme diante das modas passageiras, e de criar mesmo quando ninguém está olhando. A arte não nasce para agradar, ela nasce para dizer o que precisa ser dito. E quando vem com verdade, ela encontra o seu lugar. Não importa quanto tempo leve.

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