
Oscar Wilde sempre foi uma figura polêmica, e em sua exaltação à vida, afirmou que “viver” é a coisa mais rara, enquanto a maioria das pessoas apenas existe. Em oposição àqueles que reduzem a Arte à mera representação do mundo ao nosso redor, ele proclamava que "a vida é que imita a Arte". Essas palavras, ainda hoje, nos desafiam a reflexão sobre o significado da existência e o papel da Arte como uma força criadora, capaz de transformar o cotidiana em algo extraordinário.
Mesmo assim após o tempo, o conceito antigo de “pão e circo”, que retrata o povo como despolitizado, continua a gerar debates. Poderíamos estar todos desconectados dos problemas que nos cercam uma vez saciado a fome do corpo e do espírito? Ainda que pareça volatil, essa metáfora segue ressoando nas estruturas da sociedade contemporânea. A discussão sobre a Arte politicamente “engajada” persiste, mesmo após Guernica, manifestos, textos e imagens que buscam nos libertar de nossa indiferença. Afinal, como ignorar os ecos de histórias que a Arte se propõe a contar?
Esse despertar exige energia. Em uma sociedade onde todos estão ocupados, escravizados pela rotina e pelo consumo, fascinados por status e celulares, é a arte que pode nos mostrar o absurdo, o inexplicável e questionar o que estamos fazendo com nosso precioso tempo no planeta. É a partir dessa provocação que muitas vezes encontramos sentido, ou ao menos nos confrontamos com as perguntas que mais tememos.
A Arte não apresenta apenas questões sociais, mas também aborda profundamente nossos desafios e dilemas pessoais. Em uma multidão, onde o toque e o olhar são trocados pelo distanciamento digital, a Arte resgata o significado de palavras como melancolia, felicidade, saudade e esperança. Ela nos transporta para um lugar onde somos confrontados com nossas próprias emoções, lembrando-nos da importância de nos reconectarmos com nós mesmos e com os outros.
Estamos tão envolvidos com rotinas mediadas por dispositivos e redes sociais que esquecemos de parar, questionar e refletir sobre como estamos gastando nosso tempo e energia. Para evitar que nos tornemos meras peças decorativas num mundo onde a inteligência e os valores estão cada vez mais artificiais, a Arte nos reconecta e nos mostra que a vida deve ser mais do que isso.
Esse é o poder transformador da Arte: a criatividade e a emoção refletem tudo o que nos distingue como seres humanos. Ela dá sentido à sociedade que nos rodeia, revolucionando essa mesma sociedade ao tocar o íntimo de cada um de seus indivíduos. De cada um de nós. E, ao fazê-lo, relembramos nossa capacidade de recriar realidades e viver com intensidade, como Wilde um dia sonhou.
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