Arquitetura do Aconchego: A Magia Digital de Ulysses na Representação de Lares em Cores Vibrantes
- Marisa Melo
- 19 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de abr.

Ulysses Galletti constrói casas com a precisão de um arquiteto e a sensibilidade de um poeta. Na quietude da arte digital, ele encontra seu campo de expressão, um espaço onde a geometria não é fria, mas cálida, quase doméstica. Suas construções são moradas da memória, mapas afetivos que falam em silêncio de abrigo.Tudo começa com a linha. O traço inaugural que define a casa em perspectiva, é quase um gesto litúrgico, o telhado, anguloso e sereno, delineia um abrigo; a janela única sugere o recorte íntimo de um olhar de dentro; e a porta, sempre generosa, convida não apenas à entrada, mas à entrega imaginativa. Cada ângulo é escolhido com precisão cerimonial, compondo uma espacialidade que não busca grandiosidade, mas proximidade.
No entanto, é na cor que se revela a verdadeira alma do seu trabalho. Ulysses mergulha em um processo alquímico de experimentação cromática, testando incansavelmente paletas até encontrar a justa harmonia. Seus tons, vermelhos cálidos, laranjas crepusculares, amarelos cintilantes e um azul que lembra o silêncio do entardecer, não apenas colorem, mas narram. Inspirado pelo calor que dança em torno de uma lareira acesa, ele pinta atmosferas que aquecem o olhar e acalmam a alma. Ali, a cor não é artifício. É afeto condensado.
A tridimensionalidade de suas composições, ainda que em meio digital, é fruto de um trabalho atento ao detalhe, o posicionamento exato da casa na tela, a sombra que projeta peso, o brilho que sugere presença. Cada elemento é composto como quem escreve uma carta longa, paciente, para alguém muito querido.
É tocante perceber como, ao final de semanas de trabalho minucioso, suas casas deixam de ser apenas imagens. Elas se tornam arquétipos do lar, da proteção, do calor primordial que todos, em alguma medida, buscamos. A obra de Ulysses, pulsa e acolhe. Ela sussurra algo sobre os abrigos que carregamos dentro de nós. Em tempos de dispersão, suas imagens oferecem repouso. São âncoras. Casas que não se habitam com os pés, mas com o coração.