ANA RAFAELA: ENTRE A JUSTIÇA E A ARTE, UM OLHAR SENSÍVEL SOBRE O MUNDO
- Marisa Melo
- 4 de fev.
- 3 min de leitura

Nascida no interior de Mato Grosso do Sul, Ana Rafaela encontrou na arte seu refúgio e sua voz. Desde a infância, seus brinquedos favoritos não vinham em caixas coloridas, mas em forma de lápis e papel, instrumentos que lhe permitiam recriar o mundo à sua maneira. Seus primeiros traços não eram apenas rabiscos infantis, mas um vislumbre precoce de sua alma inquieta e sensível.
Com o passar dos anos, essa intuição artística transformou-se em técnica, e Ana se dedicou a explorar novos materiais, experimentar diferentes métodos e refinar sua expressão visual. Sua linguagem estética se desenvolveu organicamente, marcada por uma delicadeza que Convida à reflexão, por um olhar atento às emoções.
Ainda jovem, sua trajetória foi enriquecida pelo CEAM (Centro Estadual de Atendimento Multidisciplinar às Altas Habilidades/Superdotação), onde encontrou mentores que reconheceram e incentivaram seu talento. Mais do que aprimorar sua habilidade, essa experiência ampliou sua visão de mundo, aprofundando sua compreensão sobre as nuances emocionais e sociais que mais tarde viriam a permear suas obras.
Mas a vida, com seus caminhos multifacetados, a levou também ao Direito. Formada pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Ana encontrou na advocacia um novo campo de atuação e, paradoxalmente, uma nova fonte de inspiração. Como assessora jurídica na Defensoria Pública do Estado, ela lida diariamente com histórias de luta, desigualdade e resiliência. São essas experiências que alimentam sua arte, transformando cada rosto que retrata em um testemunho visual.
Sua expressão artística se manifesta predominantemente na pintura realista, onde domina diversas técnicas, do lápis ao acrílico e ao óleo. Seu domínio do desenho é evidente, não apenas na precisão dos traços, mas na profundidade que confere a cada composição. Em sua obra, a técnica e a emoção caminham lado a lado, resultando em imagens que vão além do que se vê, que se sente.

Guardião de Memórias: O Abraço além do Tempo
Há algo de profundamente humano na maneira como nos apoiamos uns nos outros ao longo da vida. Desde os primeiros passos inseguros da infância até os dias em que a pele se torna mapa de histórias vividas, somos guiados por laços que nos sustentam, protegem e, acima de tudo, nos lembram de quem somos.
"Guardião de Memórias", uma pintura em óleo sobre tela, com uma sensibilidade tocante. Diante da tela, somos confrontados com duas figuras que se entrelaçam num abraço que carrega mais do que afeto: carrega tempo e vivências. De um lado, a infância pura, ingênua, buscando proteção. Do outro, a longevidade, serena, sábia, guardiã das lembranças que moldam gerações.
A experiência não anula a inocência, assim como o novo não apaga o antigo. Ao contrário, ambos se sustentam. A criança, ao se entregar ao abraço, encontra refúgio naquilo que veio antes dela. E o idoso, ao acolher a fragilidade infantil, reencontra o próprio passado, resgatando a doçura que um dia também lhe pertenceu.
A escolha do óleo sobre tela reforça a atemporalidade do tema. As pinceladas revelam a textura do tempo, marcas que não são apenas sinais de envelhecimento, mas registros de amor, cuidado e presença. A paleta vibrante expressa as emoções que ele carrega, enquanto a barba branca e as rugas do idoso parecem narrar suas próprias histórias, como se cada linha em seu rosto fosse um lembrete de uma jornada vivida. A luz que ilumina a cena surge dessas memórias, aquecendo tudo ao seu redor e trazendo um toque de nostalgia. No fundo, as cores preta e vermelha se mesclam, conferindo uma dramaticidade que intensifica a cena.
A pintura, nos convida a olhar para dentro, e a valorizar os laços que nos definem. Porque, no fim, somos todos feitos de memórias. E sempre haverá alguém disposto a guardá-las conosco.
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