A Vulgaridade da Arte Contemporânea

Tudo pode ser arte hoje em dia, e o único padrão mais ou menos universal para uma obra de arte, não é arte. Ser um artista acabou se tornando uma questão de autodeterminação, da noite para o dia, qualquer um se torna. Qualquer um pode desconstruir. Nem teve tempo de aprender a construir, mas quer ir além – mesmo não sabendo quer cruzar a linha de chegada.
Estamos passando por uma massiva subversão e ruptura do sentido da arte. Não generalizo, apenas constato. As obras de arte que aparecem na contemporaneidade não têm muita qualidade, talvez pelas ideias simplistas e cruas.
Expressividade, composição, uso das cores, perspectiva, estes são alguns critérios da pintura. Criatividade, o senso de observação, a identidade do artista na obra, a interação com o tempo em que se vive, são critérios básicos pertinentes à todas as artes e para saírem-se bem os artistas devem dominá-los. Assim, na selva contemporânea da livre concorrência, o padrão secular foi substituído por nenhum padrão.
Aqui, no Brasil, onde a leitura está abaixo do ideal, onde a educação pública é um estigma e onde o analfabetismo funcional é alto, as palavras dos formadores de opinião se tornam muito importantes. Mesmo que não tenham formação nas artes. Além disso, a pintura não é uma arte totalmente integrada ao cotidiano brasileiro, e sua apreciação é limitada à elite. Em países com uma longa tradição de pintura, como França, Espanha e Holanda, qualquer trabalhador conhece pelo menos os nomes dos pintores locais mais importantes.