A alma feminina sempre representou um desafio à interpretação masculina. Marte sempre quis decifrar e satisfazer os desejos de Vênus. Ao longo dos séculos, essa busca pela compreensão da mulher fez com que a figura feminina tenha sido uma presença constante em quadros e esculturas. Entre todas, a Mona Lisa é uma das mais famosas. Talvez por personificar esse lado oculto, eternamente famosa por seu sorriso enigmático.
A artista Andrea Mariano fez dessa obra o ponto de partida. E criou uma composição em que a personagem enigmática se torna ainda mais misteriosa. Um véu vem realçar seu caráter de Esfinge. Pronta a devorar quem não conseguir decifrá-la. Elevando ao máximo a postura desafiadora de quem sabe guardar seus segredos. E nesse sentido, o véu traz uma mensagem de proteção. De se guardar do elemento masculino, de suas garras, de seu desejo.
A Mona Lisa de Juliana Carvalho se guarda ainda mais. Mas resiste a interpretações simplistas no momento em que apresenta suas oferendas. Suas flores já secas e seus frutos, numa metáfora poética do tempo da espera e dos frutos prometidos. Não proibidos, mas guardados para quem tiver dedicação e delicadeza para retribuir o sorriso enigmático, remover quaisquer véus e vencer quaisquer dificuldades.
Juliana captura os elementos do milenar processo da conquista.
Onde compreender todas as expectativas e enfrentar todos os enigmas são requisitos indispensáveis para se alcançar o cálice sagrado do Amor.
Comments