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Foto do escritorMarisa Melo

A ARTE NA ERA CONTEMPORÂNEA; ENTRE A LIBERDADE CRIATIVA E A AUSÊNCIA DE PADRÕES

Atualizado: 28 de nov.


Maurizio Cattelan’s "Comedian" foi vendido por U$ 6,2 milhões



Na era contemporânea, tudo parece passível de ser elevado ao status de arte, e o único consenso aparente é a ausência de padrões. O título "artista", outrora reservado a pouco e fruto de um longo processo de reconhecimento, agora pode ser autoatribuído, em um movimento que reflete tanto a democratização da arte quanto sua crescente subjetividade. Contudo, vivemos um paradoxo: a desconstrução, tão valorizada, muitas vezes ofusca a construção, e a ânsia por um resultado final parece superar a importância do percurso criativo.


Estamos diante de uma redefinição radical do conceito de arte. Essa transformação, longe de ser apenas uma especificação estética, também evidencia as fragilidades do nosso tempo. Muitas criações contemporâneas carecem de apuro técnico, deixando transparecer ideias ainda cruas, não lapidadas. Nesse contexto, a ideia parece, pesar mais que a execução, como exemplifica a obra conceitual de Maurizio Cattelan, uma banana inserida com fita adesiva, vendida por impressionantes U$ 6,2 milhões. Cattelan utiliza sua obra como uma crítica ao sistema de arte, evidenciando as desigualdades e os paradoxos do mercado, mas o impacto de sua obra também nos leva a questionar os critérios que definem o valor na arte hoje.


Enquanto isso, disciplinas tradicionais, como a pintura, mantêm seu foco em elementos como composição, forma e perspectiva. Porém, outros critérios, criatividade, observação, identidade artística e capacidade de traduzir o zeitgeis, são igualmente fundamentais em todas as formas de expressão artística. No cenário contemporâneo, a ausência de critérios consistentes abre espaço para uma liberdade que nem sempre encontra equilíbrio entre inovação e profundidade.


No Brasil, essa realidade assume contornos específicos. O acesso limitado à educação de qualidade e os baixos índices de leitura resultam em um público ainda distante do universo artístico. Formadores de opinião, acabam exercendo um papel desproporcional na construção de narrativas sobre arte, moldando percepções em um ambiente onde o discernimento crítico ainda é um privilégio restrito.


Além disso, enquanto em países como França, Espanha e Holanda, o legado artístico é parte intrínseca do cotidiano s, no Brasil, a pintura e outras expressões artísticas, ainda não conquistaram espaço significativo no imaginário coletivo. A apreciação da arte segue, em grande parte, confinada às elites, criando um abismo cultural que evidencia a necessidade urgente de maior democratização e valorização da arte como patrimônio de todos.



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