A coleção “Água (não só) para beber”, representa minha gratidão a este elemento tão necessário, tão presente e tão vital.
No “Cântico das Criaturas”, São Francisco a chama de “Irmã Água, útil, humilde, preciosa e casta”.
Símbolo de pureza, ela está conosco em todos os momentos.
Junto com o choro que anuncia nosso nascimento, ela vem nas lágrimas de alegria dos que esperaram pela nossa chegada. E assim começamos nosso curso pelo rio da vida.
Ao longo do caminho, ela estará sempre conosco, em suas mais variadas manifestações.
Na solidez fria do gelo e no vapor escaldante, ela reflete nossos estados de espírito, ora calorosos, ora glaciais.
Em orvalho, neblina ou nuvem.
Abraçando e envolvendo na forma de chuva.
Com a violência de uma tempestade ou na delicadeza de uma garoa, pintando de cinza uma tarde solitária.
Gotas de chuva no telhado, embalando o aconchego de nossos sonhos.
Correnteza, quedas d’água: como véus que se abrem, revelando a Natureza.
Nutrindo raízes, acariciando folhas. Trazendo flores, servindo frutos.
Vida para quem tem sede.
Morte para quem se afoga.
No esporte, no trabalho e no sexo,
ela é o suor que pinga de nossa testa.
Até o dia em que completamos nosso ciclo e o rio da vida chega ao mar.
Mar enorme, desconhecido, um oceano de mistérios e esperança.
Numa travessia em que nossa única bússola será o amor que conseguimos compartilhar.
Uma vez mais, em forma de sentimento, ela virá nas lágrimas
dos que nos levarão, para sempre, em suas memórias.
Voltamos ao pó, mas a Irmã Água continua presente nos que seguem vivos.
Em vida, sentimentos, morte.
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