Manuscrito da Natureza nasceu de um olhar inquieto, daquele impulso quase instintivo de capturar o que escapa ao comum. Sempre vi a natureza como um grande texto em movimento, onde cada folha, gota e sombra escreve sua própria poesia. Mas, desta vez, quis fazer mais do que apenas registrar, quis sentir o que ela me dizia.

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A chuva foi minha aliada. Ela borrava os contornos, dissolvia certezas e criava nuances inesperadas. No cactário, um universo próprio se revelava: espinhos reluzindo sob a água, texturas ganhando vida, gotas que dançavam antes de se entregarem ao solo. O que poderia ser áspero se tornasse delicado, e tudo, entre a umidade e a resistência, compreendi que a beleza nem sempre precisa ser lógica.

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As imagens abstratas foram outro experimento. Brinquei com a velocidade do obturador, prolongando ou congelando o tempo, permitindo que as formas surgissem quase como um sopro invisível da natureza. O que era sólido se desfez em movimento, e o efêmero ganhou permanência.

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Criar essa coleção foi como decifrar um código secreto da terra, como se cada fotografia fosse uma página solta de um manuscrito antigo, escrito não em palavras, mas em luz, sombra e textura. E talvez seja isso: a natureza sempre escreve, e nós, se conseguirmos olhar, podemos ler.